O uso de telas na infância já faz parte da rotina da maioria das famílias, mas também se tornou motivo de preocupação. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Datafolha, encomendada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, 40% dos responsáveis por crianças de até seis anos acreditam que os pequenos passam mais tempo do que deveriam em frente a dispositivos como celulares, TVs e computadores.
Mesmo entre aqueles que consideram o tempo de exposição adequado, a média registrada na pesquisa supera os limites recomendados por entidades médicas.
Tempo diário vai além do indicado por especialistas
Segundo o levantamento, 78% das crianças com até três anos usam telas diariamente. Já entre quatro e seis anos, esse número chega a 94%. O tempo médio de exposição fica entre duas e três horas por dia.
Esses dados contrastam com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Pediatria, que recomenda que crianças de até dois anos não tenham nenhum contato com telas. Entre dois e cinco anos, o limite diário sugerido é de até uma hora. A partir dos seis, o tempo ideal varia entre uma e duas horas por dia, sempre com supervisão de um adulto e conteúdo apropriado.
Contradições no dia a dia das famílias
Mesmo reconhecendo que o uso excessivo pode não ser o ideal, muitos responsáveis seguem permitindo o acesso prolongado às telas. A pesquisa aponta que, para muitas famílias, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade, os dispositivos eletrônicos acabam sendo uma alternativa para entreter as crianças enquanto os adultos precisam realizar outras tarefas.
Esse contexto mostra o desafio de conciliar o cuidado com os filhos com as exigências do cotidiano, especialmente quando faltam recursos, rede de apoio e espaços seguros para o brincar.

Preocupações com saúde e socialização
Ainda segundo o levantamento do Datafolha, 56% dos entrevistados percebem riscos à saúde infantil associados ao uso excessivo de telas. Entre os principais prejuízos apontados estão alterações no sono, aumento do sedentarismo, dificuldades de concentração e problemas na visão. Além disso, 42% destacaram impactos negativos na socialização das crianças.
Esses efeitos reforçam a importância de equilibrar o tempo de tela com outras atividades fundamentais para o desenvolvimento infantil, como brincadeiras ao ar livre, leitura, jogos de faz de conta e interações presenciais com outras crianças e adultos.
Pesquisa também investigou práticas de disciplina
O estudo revelou ainda que 29% dos responsáveis afirmaram usar práticas disciplinares violentas, como palmadas e beliscões, inclusive em crianças com até três anos. Apesar disso, apenas 17% desses adultos acreditam que esse tipo de correção realmente funcione.
Esse dado evidencia a necessidade de ampliar o acesso a informações sobre educação positiva e apoiar famílias com alternativas mais saudáveis para lidar com os desafios da criação dos filhos.
Resumo:
Dados do Datafolha mostram que crianças de até seis anos estão passando mais tempo em frente às telas do que o recomendado. O uso excessivo preocupa pais e responsáveis, que também apontam impactos na saúde e na socialização. A pesquisa reforça a importância de equilíbrio e apoio à parentalidade.
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