Olá, pessoal! Neste mês falaremos sobre alimentação e sua relação com a saúde. Comer é um dos maiores prazeres da vida, não é mesmo? Sempre que há festas típicas, eventos de confraternização e datas comemorativas, é comum a fartura de alimentos doces e salgados. Nestas situações, não é infrequente abusarmos do consumo, e está tudo bem; afinal, temos que aproveitar esse prazer. Contudo, quando os desequilíbrios alimentares passam a fazer parte do nosso cotidiano, a nossa saúde pode sofrer consequências.
A alimentação é uma necessidade vital para manter nosso organismo em funcionamento e desenvolvimento, visto que precisamos de energia e matéria-prima para nossas células, que se dividem e multiplicam incessantemente. Entretanto, os hábitos alimentares inadequados estão entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dieta rica em gorduras, alimentos ultraprocessados, sal e açúcar está intimamente ligada ao aumento do diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares e câncer. Para compreender a relação intrínseca da nutrição, saúde e bem-estar, deve-se considerar que os alimentos são compostos por substâncias como peptídeos, lipídios, carboidratos, vitaminas e minerais.
Após a ingestão, os alimentos passam por processos de digestão específicos, nos quais são quebrados em substâncias menores, possibilitando serem absorvidos pelo nosso intestino. Uma vez absorvidos, os nutrientes são transportados pelo sangue até os órgãos e tecidos, onde desempenham funções vitais e estruturais no nosso corpo.
As proteínas (peptídeos), presentes em alimentos como carnes, ovos, leite, leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico) e soja, são macromoléculas constituídas por ligações peptídicas. Elas são essenciais na construção e reparo dos tecidos corporais, além de produzirem hormônios, enzimas e anticorpos, fundamentais para o sistema imunológico. Uma alimentação deficitária em proteínas pode causar desnutrição proteico-calórica, sarcopenia, atraso no crescimento e imunossupressão. Já em casos de dieta hiperproteica, pode acontecer lesão renal por sobrecarga na filtração sanguínea e aumento do risco para o desenvolvimento de doenças metabólicas.
Os lipídeos, mais conhecidos como gorduras, estão presentes em óleos vegetais, azeites, abacate, oleaginosas, peixes gordurosos, manteiga e carnes. São fundamentais para a síntese de hormônios esteroides (sexuais e corticosteroides), composição de membranas celulares e atuação no transporte e absorção de vitaminas lipossolúveis. Os lipídeos também são uma importante fonte de energia em situações de jejum prolongado.
Consumir gorduras saturadas e trans em excesso aumenta as chances de desenvolver condições como obesidade e aumento do colesterol, que podem desdobrar em agravos como infarto e AVC. Entretanto, uma dieta deficiente em gorduras “saudáveis” leva à diminuição na absorção de vitaminas (lipossolúveis), desequilíbrios hormonais e prejuízos neurológicos e no sistema imune.
Os carboidratos, principal fonte de energia do organismo, fazem parte do nosso dia a dia e estão presentes em alimentos como arroz, massas, pães, cereais, frutas, tubérculos e leguminosas. Podemos classificá-los como simples (glicose, sacarose e frutose), de rápida absorção, e complexos (amido e fibras), que têm absorção mais lenta e promovem maior saciedade. O excesso de carboidratos está relacionado com o aumento da obesidade, diabetes tipo 2, resistência à insulina e doença gordurosa hepática (esteatose), enquanto a carência pode se manifestar com hipoglicemia, fraqueza, dificuldade de concentração e perda de energia muscular.
Já as vitaminas exercem funções metabólicas e reguladoras relacionadas à imunidade, coagulação, desempenho cognitivo e formação óssea. Elas podem ser classificadas quanto à solubilidade: hidrossolúveis (complexo B e C), que não são armazenadas pelo organismo e precisam ser consumidas regularmente, e lipossolúveis (A, D, E e K), que são armazenadas nos tecidos gordurosos. Alimentos como frutas cítricas, vegetais, carnes, laticínios e cereais são fontes de vitaminas. Destaca-se que a exposição solar desempenha um papel importante na sintetização da vitamina D. A carência de vitaminas acarreta doenças específicas, como cegueira (vitamina A), escorbuto (sangramentos e baixa imunidade – vitamina C), raquitismo e osteopenia (vitamina D), e anemias, neuropatias, fadiga crônica e alterações cognitivas (vitaminas do complexo B). Em contrapartida, a hipervitaminose (A e D) aumenta o risco de danos hepáticos e neurológicos.
Os minerais, por sua vez, são elementos indispensáveis à saúde, pois desempenham funções importantes. Os principais são: cálcio, ferro, magnésio, zinco, sódio e potássio. Podemos encontrá-los no leite e derivados (cálcio), carnes e vegetais verdes escuros (ferro), castanhas e sementes secas (magnésio), frutos do mar (zinco), sal de cozinha (sódio) e banana (potássio). A ingestão desses elementos é fundamental para a formação e manutenção dos nossos ossos e dentes, ativação de enzimas metabólicas, regulação da contração muscular e na transmissão de impulsos nervosos. Algumas doenças estão relacionadas a distúrbios desses minerais. A carência de ferro ocasiona a anemia ferropriva; a falta de cálcio, osteopenia e alterações fisiológicas neuromusculares; níveis baixos de iodo geram bócio e hipotireoidismo, enquanto o zinco pode causar imunodeficiência e dificuldade na cicatrização de feridas. Já o excesso de sódio é amplamente reconhecido como responsável pelo aumento da pressão arterial, principal causa das doenças cardiovasculares.
Não é de hoje que estamos nos alimentando mal, comendo mais alimentos industrializados e menos alimentos in natura minimamente processados. Dietas desequilibradas contribuem para processos inflamatórios, obesidade e estão associadas a doenças crônicas e ao desenvolvimento de muitos cânceres.
Cuidem-se e até a próxima!!
