Com o fim das férias, muitas famílias já começam a se preparar para a volta às aulas. Esse período, apesar de animador para alguns, pode causar ansiedade em outros, principalmente nas crianças e adolescentes que estavam acostumados à rotina mais solta das férias. A boa notícia é que, com algumas estratégias simples, é possível ajudar os filhos a enfrentarem esse retorno com mais tranquilidade e equilíbrio.
A seguir, especialistas em educação explicam como adaptar a rotina para que o retorno às atividades escolares aconteça de maneira mais leve e segura — tanto emocional quanto pedagogicamente.
Reorganize os horários antes da volta às aulas
Uma das atitudes mais eficazes é retomar, aos poucos, os horários de sono e estudo, já na semana anterior ao início das aulas. “Reintroduzir rotinas com antecedência reduz o impacto da transição. Isso dá segurança à criança, porque sinaliza previsibilidade e estrutura, elementos essenciais no processo de aprendizagem”, orienta Carlos Augusto Lima, orientador educacional do Brazilian International School (BIS), em São Paulo.
Portanto, em vez de deixar para o último momento, aproveite os dias que antecedem o retorno para reestabelecer horários mais regulares. Isso ajuda a sinalizar que uma nova fase está começando.
Sono de qualidade faz toda a diferença
Uma noite bem dormida melhora o humor e a capacidade de concentração, dois pontos essenciais na readaptação escolar. Além disso, diminuir o uso de telas antes de dormir também contribui para uma noite mais tranquila.
“O excesso de estímulos luminosos e informacionais afeta a consolidação da memória e o humor. Crianças descansadas aprendem melhor e se adaptam mais rápido à rotina escolar”, explica Lima. Como dica prática, incentive que o celular fique fora do quarto na hora de dormir.
Alimentação equilibrada ajuda a manter o foco
Além de retomar os horários, é importante ajustar a alimentação. Lanches saudáveis e refeições em horários regulares contribuem para manter a energia e a concentração ao longo do dia.
“Uma nutrição equilibrada é parte da experiência pedagógica. O corpo precisa de combustível de qualidade para sustentar os processos cognitivos e emocionais do aluno”, lembra o educador do BIS.
Envolva a criança nos preparativos da volta às aulas
Nada melhor do que transformar esse momento em uma oportunidade de conexão. Escolher juntos o material escolar, montar a mochila ou até organizar o cantinho de estudos são formas simples de reforçar o vínculo com a escola.
“Participar da organização dos materiais estimula a autonomia e fortalece o senso de pertencimento”, afirma Fatima Lopes, diretora da Escola Bilíngue Aubrick. Isso faz com que a criança se sinta parte ativa da própria jornada escolar.
Converse sobre sentimentos e ansiedades
A escuta ativa é um dos maiores presentes que um adulto pode oferecer. Muitos medos e inseguranças podem ser amenizados com um bom papo, olho no olho.
“Ouvir, sem julgar, é um gesto educativo”, pontua Fatima. Quando o adulto valida os sentimentos da criança, ela se sente respeitada e mais preparada para enfrentar a nova etapa.
Como adaptar a rotina emocional com reencontros
Antes mesmo do primeiro dia de aula, que tal marcar um encontro com os colegas? Reencontrar os amigos ajuda a reduzir a ansiedade e cria uma expectativa positiva.
“O pertencimento ao grupo é um dos maiores motivadores da ida à escola”, explica Fatima. Isso porque vínculos afetivos fortalecem a segurança emocional nesse momento de transição.
Mudança de escola? Visite o espaço antes
Para as crianças que vão iniciar o ano letivo em uma nova escola, conhecer o ambiente com antecedência pode ajudar bastante.
“A ambientação visual e espacial contribui para que a criança se sinta segura. Ela começa a criar imagens mentais que se tornam âncoras de conforto nos primeiros dias”, afirma Carlos Maffia Neto, diretor da Escola Internacional de Alphaville.
Evite comparações e recompensas
Cada criança tem seu tempo, suas preferências e seu ritmo. Prometer prêmios pelo bom comportamento ou impor metas rígidas pode causar o efeito contrário.
“A aprendizagem deve ser valorizada por si só, não por recompensas externas”, diz o diretor da EIA. Além disso, evite comparações com irmãos ou colegas — isso só atrapalha o processo de desenvolvimento e afeta a autoestima.
A readaptação exige tempo e presença
A readaptação é um processo que leva tempo. Nos primeiros dias, é comum que as crianças fiquem mais cansadas ou até apresentem certa resistência.
“Ela é como ajustar um instrumento musical: exige afinação, escuta e regulagens finas”, compara Luísa Cassaniga, coordenadora pedagógica do Colégio Progresso Bilíngue Taquaral, de Campinas. Por isso, seja paciente, esteja por perto e valorize cada pequena conquista.
Aposte na parceria com a escola
Uma volta às aulas bem-sucedida depende de uma boa comunicação entre escola e família.
“A confiança mútua favorece intervenções assertivas. Quando há acolhimento e escuta verdadeira das duas partes, o processo se torna mais leve e consistente”, completa Luísa.
Resumo: A volta às aulas pode ser desafiadora, mas também é uma oportunidade para fortalecer os vínculos familiares e escolares. Ao saber como adaptar a rotina com carinho e presença, pais e responsáveis ajudam a tornar esse momento mais tranquilo. Com diálogo, escuta e pequenas atitudes diárias, é possível transformar a readaptação em um processo mais leve, acolhedor e cheio de aprendizado.
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