Você faz tudo direitinho: segue uma alimentação equilibrada, vai à academia, perde medidas na barriga… mas a gordura nas pernas e braços não diminui, os inchaços continuam, e a dor só piora. Antes de se culpar, vale acender um alerta: talvez o problema não esteja no seu esforço, mas sim em um distúrbio chamado lipedema.
De acordo com o médico nutrólogo Arthur Victor de Carvalho, especialista em menopausa, lipedema e modulação hormonal, essa condição é marcada por um acúmulo anormal de gordura em determinadas regiões do corpo, principalmente membros inferiores e superiores, e não está relacionada a excesso de peso comum. “O lipedema não é gordura por má alimentação. É um distúrbio do tecido adiposo, com forte componente inflamatório, que resiste às dietas tradicionais”, explica.
Por que a gordura do lipedema não responde às dietas tradicionais
Uma das grandes frustrações para quem convive com o lipedema é a sensação de que nada funciona. Afinal, mesmo com alimentação balanceada e rotina de exercícios, a gordura localizada parece não diminuir — e as dores se tornam cada vez mais presentes.
Isso acontece porque, como explica o especialista, o comportamento da gordura neste caso é diferente: “Ela é mais fibrosa, mais resistente à quebra, está associada à inflamação crônica e não responde ao déficit calórico como outras áreas do corpo”. Ou seja, a clássica equação de “gastar mais calorias do que consome” simplesmente não se aplica aqui.
Dieta para lipedema exige atenção e acompanhamento profissional
Embora manter hábitos saudáveis seja importante, a dieta para lipedema precisa de um olhar específico. Dietas restritivas demais ou exercícios de alto impacto, por exemplo, podem agravar os sintomas e aumentar o desconforto.
“O tratamento do lipedema precisa ir além da estética. Envolve controle da inflamação, fortalecimento muscular, modulação hormonal, drenagem linfática e, em casos mais avançados, intervenções cirúrgicas”, afirma Arthur Victor de Carvalho. Por isso, seguir um plano alimentar anti-inflamatório e personalizado é fundamental para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.
Como identificar se o que você tem é mesmo lipedema
É comum o lipedema ser confundido com obesidade ou sedentarismo, o que acaba gerando julgamentos e diagnósticos errados. No entanto, há sinais específicos que ajudam a diferenciar a condição:
- Gordura localizada principalmente em pernas, braços e quadris, enquanto o tronco permanece proporcionalmente menor;
- Sensação constante de peso nas pernas;
- Dores ao toque e surgimento de hematomas com facilidade;
- Inchaço persistente, mesmo com dieta;
- Histórico familiar de “pernas grossas” ou acúmulo de gordura em áreas específicas.
Se você se identificou com essas características, o ideal é procurar um profissional com experiência em lipedema para uma avaliação detalhada.
Os impactos do lipedema vão além do físico
Além da dor e do desconforto, o lipedema também afeta a saúde emocional. Como muitas mulheres não recebem o diagnóstico correto, acabam acreditando que a culpa é delas. Isso pode gerar sentimentos de frustração, ansiedade e até depressão.
Desde cedo, é comum que quem convive com a condição ouça rótulos como “preguiçosa”, “sem foco” ou “desleixada”. No entanto, o problema não é a falta de disciplina, e sim um distúrbio pouco conhecido que exige tratamento adequado.
A melhor dieta para lipedema foca em bem-estar, não só em emagrecimento
Diferente do que muita gente pensa, a dieta para lipedema não deve ter como foco principal o emagrecimento. Na verdade, o objetivo é reduzir a inflamação, aliviar os sintomas e melhorar o conforto físico e emocional.
“O tratamento ideal não busca um corpo magro, mas sim qualidade de vida. Muitas mulheres relatam melhora significativa na autoestima e no bem-estar quando recebem o diagnóstico e o acompanhamento adequados”, reforça o médico.
O diagnóstico de lipedema pode mudar a sua relação com o próprio corpo
Entender que o que você tem é uma condição de saúde — e não falta de esforço — pode ser transformador. Com o diagnóstico correto, é possível adotar estratégias que realmente funcionam, como mudanças alimentares direcionadas, exercícios específicos e, quando necessário, tratamentos médicos.
“Não é falta de força de vontade. É uma doença. E, com a abordagem certa, há melhora real”, conclui o especialista.
Quando a culpa dá lugar ao autocuidado
O lipedema precisa ser visto como o que realmente é: uma condição clínica que merece atenção, cuidado e acolhimento. Por isso, ao invés de se culpar, procure profissionais capacitados, informe-se e lembre-se: o seu corpo não está falhando com você. Ele só precisa de uma abordagem diferente.
Resumo: O lipedema é um distúrbio do tecido adiposo que causa acúmulo de gordura principalmente em pernas e braços. Ele não responde bem às dietas convencionais e precisa de um tratamento individualizado, que envolva controle da inflamação, cuidados físicos e apoio emocional. Procurar o diagnóstico correto é o primeiro passo para recuperar a qualidade de vida.
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