Sabe aquela pessoa que sempre diminui suas conquistas, resiste a ideias novas ou critica qualquer mudança? Pois saiba que esses comportamentos podem estar ligados à Síndrome de Procusto. Inspirado em um personagem da mitologia grega, o termo descreve quem tenta nivelar os outros à sua própria medida, eliminando — metaforicamente — o que “sobra” ou o que é diferente.
Na mitologia, Procusto obrigava seus hóspedes a caberem em uma cama de ferro, cortando as pernas dos que eram maiores ou esticando os que eram menores. No ambiente profissional e até familiar, essa metáfora ganha vida quando alguém tenta reprimir o crescimento dos outros, movido por insegurança, controle e baixa autoestima.
Conforme explica o médico e terapeuta João Borzino, ouvido pelo O Globo, essas pessoas costumam se sentir ameaçadas pelo sucesso ou criatividade alheia. Por isso, frequentemente sabotam ideias, dificultam o trabalho em equipe ou adotam atitudes dominadoras, o que prejudica tanto o clima quanto a produtividade.
Como identificar a Síndrome de Procusto no ambiente de trabalho
Embora seja comum pensar que esse tipo de comportamento venha de líderes autoritários, ele também pode surgir de colegas próximos — o que torna a situação ainda mais delicada. Por esse motivo, é essencial reconhecer os sinais com atenção.
Entre os comportamentos mais comuns estão:
- Resistência a delegar tarefas;
- Incômodo com a inovação;
- Comentários sarcásticos disfarçados de “opinião sincera”;
- Dificuldade em celebrar conquistas alheias;
- Posturas ríspidas quando contrariados.
Esses sinais, quando frequentes, indicam um padrão que vai além da personalidade difícil. Afinal, essa necessidade constante de manter controle ou de desvalorizar os outros esconde um medo real de ser superado.
Como lidar com quem apresenta a Síndrome de Procusto
Conviver com alguém que demonstra os traços da Síndrome de Procusto pode ser desgastante. Ainda assim, é possível enfrentar a situação com firmeza e empatia.
De acordo com Borzino, o primeiro passo é estabelecer limites claros. Além disso, é útil documentar interações problemáticas, como e-mails e mensagens, principalmente se houver impacto no ambiente profissional. Em casos mais sérios, o apoio do setor de RH também pode ser fundamental.
Mesmo assim, o diálogo continua sendo uma das ferramentas mais poderosas. O especialista sugere conversas honestas, com foco no impacto das atitudes: “Fale como você se sente, sem apontar o dedo. Isso pode abrir espaço para reflexão e mudança, sem gerar confronto direto”, recomenda.
E se eu me identificar com esse padrão?
Se ao longo da leitura você percebeu comportamentos parecidos nos seus próprios hábitos, não se preocupe: o reconhecimento é o primeiro passo para a mudança.
A autocrítica, nesse caso, é uma aliada. Entender de onde vem essa necessidade de controle ou esse incômodo diante do sucesso dos outros é essencial para evoluir emocionalmente. A psicoterapia pode ser uma grande aliada nesse processo. “Ela ajuda a fortalecer a autoestima e a desenvolver empatia, tornando mais fácil conviver com as diferenças”, explica Borzino.
Por mais que a Síndrome de Procusto não esteja oficialmente listada em manuais como o CID-10 ou o DSM-5, ela tem sido estudada por psicólogos e especialistas em comportamento organizacional por seu impacto direto na saúde emocional das equipes.
Maturidade emocional é saber respeitar os diferentes caminhos
Na prática, o que se espera é mais empatia e menos julgamento. Seja no ambiente de trabalho, na família ou entre amigos, reconhecer o valor do outro e celebrar sua trajetória, mesmo quando diferente da nossa, é um sinal claro de amadurecimento.
Como conclui Borzino: “Não precisamos cortar ou esticar ninguém para que caiba nos nossos moldes. A verdadeira maturidade está em permitir que cada um ocupe seu espaço com liberdade”.
Resumo: A Síndrome de Procusto descreve um comportamento marcado por inveja e controle, comum em ambientes competitivos. Reconhecer os sinais — em si e nos outros — é fundamental para preservar relações saudáveis e respeitosas. O diálogo e a empatia são caminhos possíveis para transformar esse padrão e promover ambientes mais colaborativos.
Leia também:
Como pedir um feedback sem medo e impulsionar sua carreira