Falar sobre igualdade de gênero com os jovens pode parecer desafiador, mas é uma conversa necessária — principalmente quando o ambiente online se torna palco para discursos de ódio e violência. Pensando nisso, o governo britânico decidiu incluir o combate da misoginia como conteúdo obrigatório nas escolas a partir de 2026. A medida foi anunciada pelo Ministério da Educação britânico na última terça-feira (15) e tem como objetivo formar adolescentes mais conscientes, respeitosos e preparados para conviver com as diferenças.
A ideia é transformar a escola em um espaço de escuta, diálogo e acolhimento, onde meninos e meninas aprendam a identificar comportamentos tóxicos e saibam como se proteger das influências negativas que circulam na internet.
O que muda com a nova diretriz do Ministério da Educação britânico
A decisão faz parte da atualização do programa de educação sexual e saúde (RSHE), que já é aplicado nas escolas do Reino Unido. Com a mudança, os professores vão abordar temas como igualdade de gênero, respeito mútuo, inteligência emocional e, claro, o papel da internet na formação de opiniões e comportamentos.
O foco está em combater o ódio virtual, especialmente aquele que vem de influenciadores ligados ao masculinismo radical, como Andrew Tate. Em vez de punir os jovens que entram em contato com esse tipo de conteúdo, a proposta quer ensiná-los a pensar de forma crítica e buscar referências positivas de masculinidade.
Além disso, o governo também quer discutir com os estudantes assuntos como pornografia, manipulação digital (os famosos deepfakes), uso da inteligência artificial e o impacto de movimentos como os “incels” — grupos formados por homens que culpam as mulheres por sua solidão e frustrações amorosas.

Educação como resposta ao crescimento do ódio virtual
De acordo com o próprio Ministério da Educação britânico, 54% dos jovens entre 11 e 19 anos já ouviram ou viram comentários misóginos online. Ou seja, o problema está presente no cotidiano e afeta meninos e meninas de forma direta. Por isso, embora o prazo final para a implantação total da nova diretriz seja setembro de 2026, o governo incentiva as escolas a começarem a aplicar os conteúdos o quanto antes.
A iniciativa faz parte de um plano maior. Durante a campanha eleitoral de 2024, o Partido Trabalhista prometeu reduzir pela metade os índices de violência contra mulheres e meninas em até dez anos. O primeiro-ministro Keir Starmer também anunciou que a série Adolescência, da Netflix — que mostra os impactos dos discursos de ódio nas redes sociais — será exibida nas escolas públicas do país como parte das ações educativas.
Falar sobre combate da misoginia é proteger os jovens
Mais do que uma questão de currículo, falar sobre combate da misoginia dentro da sala de aula é uma forma de proteger os jovens e preparar adultos mais empáticos no futuro. Ao abrir espaço para conversas sinceras, sem julgamento, as escolas ajudam os meninos a entender que não precisam seguir modelos agressivos para se sentirem respeitados — e mostram às meninas que merecem viver em segurança, dentro e fora da internet.
A educação, nesse contexto, se torna uma ferramenta poderosa para enfrentar o ódio virtual, fortalecer vínculos e criar uma cultura de paz e igualdade. Afinal, quando ensinamos respeito desde cedo, damos um passo importante para construir um mundo mais justo.
Resumo: O Reino Unido vai incluir o combate da misoginia como conteúdo obrigatório nas escolas até 2026. A iniciativa do Ministério da Educação britânico busca enfrentar o ódio virtual, promovendo a igualdade de gênero e o pensamento crítico entre os jovens. A educação será a principal aliada na construção de um futuro mais respeitoso.
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