Com o tempo, muita coisa mudou nas conversas sobre o corpo feminino. A busca por mais liberdade, respeito e saúde emocional abriu espaço para assuntos que antes eram cheios de tabu. Ainda assim, quando o assunto é orgasmo, muitos mitos continuam circulando — e, pior, seguem limitando a forma como as mulheres se relacionam com o próprio prazer.
Segundo os sexólogos Natali Gutierrez e Renan de Paula, fundadores da sextech brasileira Dona Coelha, entender o funcionamento do nosso prazer e derrubar essas crenças equivocadas é um passo essencial para viver a sexualidade de forma mais leve, segura e empoderada. Confira a seguir cinco mitos para deixar para trás de uma vez por todas!
Nem todo sexo precisa terminar em orgasmo
Você já se sentiu frustrada por não “chegar lá”? Pois saiba que isso não deveria ser uma regra. De acordo com Natali, a pressão por atingir o clímax pode acabar atrapalhando a conexão entre o casal.
O orgasmo não é um troféu. Quando o sexo vira obrigação, perde-se o melhor dele: a entrega ao momento.
Isso significa que a relação sexual pode, sim, ser satisfatória mesmo sem o ápice — afinal, prazer é também toque, intimidade e presença.
O orgasmo vaginal não é mais importante que o clitoriano
Talvez você já tenha ouvido por aí que o orgasmo vaginal é mais “maduro”, “completo” ou “verdadeiro”. Essa é uma crença antiga — e completamente sem base científica.
Não existe orgasmo superior. Essa ideia reforça inseguranças e desconecta as mulheres do próprio corpo.
O clitóris é a principal estrutura ligada ao prazer feminino, e ele está presente na imensa maioria dos clímax relatados pelas mulheres. Cada corpo é único, e não há uma forma “certa” de sentir prazer.
Vibradores não são inimigos do sexo a dois
Ainda há quem pense que os vibradores são rivais do relacionamento ou sinais de insatisfação, mas a realidade é outra. Esses acessórios, segundo os especialistas, são aliados poderosos do autoconhecimento e da autoestima.
A mulher que se conhece se comunica melhor com a parceria. O vibrador pode ser um facilitador de prazer, nunca um problema.
Eles ajudam a reconhecer os pontos de maior sensibilidade, aumentam a intimidade com o próprio corpo e, inclusive, podem ser usados em casal para renovar a rotina. Em outras palavras, fortalecem a vivência da sexualidade.
Homens também têm inseguranças sobre o orgasmo
Existe uma falsa ideia de que os homens têm mais facilidade para atingir o clímax, e que eles “sempre estão prontos”. Porém, fatores como estresse, ansiedade, pressão de desempenho e cansaço físico podem, sim, interferir na resposta sexual masculina.
É hora de desconstruir a ideia de que o homem é uma ‘máquina’ do desejo. Todo mundo tem dias bons e dias difíceis.
Falar sobre isso também é uma forma de tornar a vida sexual mais humana, cuidadosa e verdadeira para os dois lados.
Falar de sexualidade não é vergonha — é liberdade
Por fim, precisamos conversar mais abertamente sobre o prazer feminino. A falta de informação ainda afasta muitas mulheres da própria vivência sexual — e isso só contribui para o ciclo de insegurança e frustração.
O orgasmo é um direito, não um luxo. E conhecimento é o melhor caminho para acessá-lo com liberdade e saúde emocional.
Ou seja, quando falamos sobre sexualidade, estamos também falando sobre respeito, saúde mental, autoestima e bem-estar. Quanto mais natural for esse diálogo, melhor será nossa relação com o corpo e com quem dividimos a intimidade.
Resumo: Desmistificar o orgasmo é abrir espaço para uma relação mais leve e prazerosa com o próprio corpo. Falar sobre sexualidade com naturalidade é cuidar de si, da autoestima e da qualidade dos relacionamentos. O prazer é parte da jornada — e deve ser vivido com liberdade e sem culpa.
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