Por Marcos Michalak e Lígia Menezes
Suely Franco volta à TV com mais uma personagem marcante. Em Dona de Mim, novela das 21h da Globo, ela dá vida à matriarca Rosa, uma mulher forte, afetuosa e firme em suas convicções – características que, aliás, não estão restritas à ficção. Com mais de cinco décadas de carreira, Suely continua no centro da ação, recusando qualquer ideia de aposentadoria.
Na trama, Rosa lidera a família Boaz mesmo após tantas perdas, equilibrando dores antigas com a vontade de seguir em frente. Na vida real, Suely faz isso com a propriedade de quem nunca deixou de aprender, trabalhar e amar o que faz. “Quando a gente gosta do que faz, a gente não para”, resume.
Em entrevista à AnaMaria, a atriz fala sobre longevidade, relações familiares e a importância de ver mulheres mais velhas retratadas como ativas, donas de si e presentes no mundo. “A idade não importa muito, é a maneira como a gente faz as coisas.”
Suely, conta para a gente um pouquinho da sua personagem na novela?
A Rosa foi criada no meio dos judeus. Ela sabe de toda aquela vida sofrida da família e como foi difícil para começar a criar a fábrica junto com o marido. Ela fazia de tudo para dar certo, sempre muito dedicada ao que fazia e às pessoas que estavam ao lado dela.
Sua personagem continua firme na liderança da família e da empresa, mesmo depois de tantas perdas. A sua personagem mostra que envelhecer não significa parar. Você, Suely, também encara o envelhecimento dessa forma. Como uma fase de mais experiência, mas não menos ação?
Exato, sem parar. Quando a gente gosta do que faz, a gente não para, a gente continua, a gente vai aprendendo cada vez mais. A Rosa ainda está lá, atuando em tudo. Está um pouco esquecida, e o outro filho, o Jaques, fica implicando com ela. O Jaques, personagem do Marcelo Novaes, sempre quis a presidência, que é do Abel. Então, ela fica no meio disso, no meio dessas brigas de família, tentando apaziguar tudo.

Essa figura da matriarca que orienta os filhos, mesmo quando eles já são adultos, aparece muito na sua personagem. Você acha que tem algo de você aí? Já se viu nessa posição com amigos, familiares ou até com colegas de profissão?
Não, não. A minha família sempre foi muito calma. Nunca tive que participar de briga nenhuma, não sei o que é isso. Sempre foi tudo muito amoroso. Minha mãe, meu pai, meus tios, tudo com muito amor, muito carinho. Tanto que eles nem se importaram de eu ser atriz. Eu queria ser atriz, eu fui ser atriz.
A sua personagem não é aquela senhora que “fica ali”, como você disse. Ela se impõe, participa, observa tudo. Você acredita que esse tipo de mulher é mais necessário do que nunca hoje em dia? Se sente representada nela?
Na minha família, as mulheres sempre foram muito donas de si. Elas sempre tomaram conta da vida que queriam, do jeito que elas queriam fazer. Mas tudo com muito amor, tudo sem tristeza, sem confusão.
Interpretar uma mulher mais velha, mas ainda tão ativa e importante na trama, tem algum sabor especial para você? Você sente que isso também quebra um certo estereótipo sobre o envelhecimento das mulheres?
Eu nunca pensei nisso. Porque, como eu sempre fiz vovó, isso para mim não tem diferença. Na história, a maneira como ela age é mais importante do que a idade dela. A idade não importa muito, é a maneira como ela faz as coisas.
Como é a Suely mãe? Quais diferenças mais marcantes você notou entre as gerações de mulheres da sua família?
Eu fui muito ajudada pela minha mãe, porque como eu sempre trabalhei muito, a minha mãe também me ajudava. Então, era uma coisa assim: meu filho ficava uma parte comigo, uma parte com a minha mãe, e isso ia sendo dividido, e eu fazendo tudo que podia para ficar junto do meu filho.
Os homens da minha família morreram cedo, e meu pai era oficial da Marinha Mercante, ele passava mais tempo trabalhando fora do que em casa. Então, a minha mãe era a dona dela. Por isso, sempre tive mais ligação com as mulheres.

Você é vaidosa? Conta para a gente um pouquinho da sua rotina de cuidados com a saúde.
Com a saúde, a gente tem que estar sempre lutando. Agora, eu não me modifico para sair. Eu gosto de estar bem vestidinha, mas não fico preocupada se o cabelo está bem pintado, não uso maquiagem para sair.
O que você faz de exercício?
Exercício nenhum, é só colocar a música para dançar. Quando eu fico arrumando as coisas em casa aqui, danço bastante.