A amamentação é uma das práticas mais naturais da maternidade, mesmo assim, até hoje, continua sendo cercada por mitos, podendo prejudicar mamães e seus respectivos bebês. Depois de gerar a vida, uma das fases em que as mulheres têm mais dúvidas é a que se refere ao aleitamento materno. De acordo com a pediatra Emille Assencio, esse é um dos grandes momentos temidos por muitas, mas deve ser encarado com mais naturalidade, auto amor e carinho.
“Muitas pacientes ficam ansiosas por desconhecer como será essa relação e essa troca e isso pode acabar atrapalhando inclusive, a produção de leite por parte da mãe, que se sente pressionada a fazer tudo corretamente e se mune de informações que, muitas vezes, são confusas ou até erradas pelos chamados ‘ditos’ populares”.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a recomendação é que pelo menos 50% das crianças menores de seis meses sejam amamentadas exclusivamente com leite materno. A meta governamental, visando a diminuição da mortalidade infantil e melhoria da saúde pública é que até 2030 possamos alcançar 70%.
Será que o bebê está mamando corretamente?
A pedido de Ana Maria Digital, a especialista em aleitamento materno Dra Emille Assencio selecionou as 6 principais dúvidas ouvidas em anos de experiência em consultório. Uma reclamação recorrente se refere à dificuldade que os bebês podem apresentar para pegar o bico do peito. Além da incerteza com relação à adaptação do recém-nascido para sugar a mama, as dúvidas sobre posição correta para amamentação e ganho de peso são as campeãs. “Alguns sinais de que a ‘pega’ foi bem sucedida ocorrem quando o bebê abocanha apenas o bico, mas também boa parte da aréola. Geralmente, os lábios do bebê ficam virados para fora, o queixo encosta no seio e o nariz fica livre para respirar. Além disso, é possível ouvir a deglutição ritmada e os movimentos de sucção regulares”, ensina a médica.
A amamentação está incorreta quando o bebê suga apenas o bico, fazendo alguns estalos e com os lábios enrolados para dentro. “É possível notar ainda que sobra parte da aréola para fora da boca, ou seja, a posição não está correta. Nesse caso, a mãe sente dor intensa e persistente, o que está incorreto. Choro intenso, baixo ganho de peso, irritabilidade ou bebê que só dorme podem ser sinais de fome e hipoglicemia”.
Livre demanda e fórmula: o que é certo e errado
Para quem não sabe, a livre demanda significa oferecer o peito ao bebê sempre que ele desejar, independente do horário ou intervalo. “Ainda seguimos a orientação de livre demanda, mas, para as mães que trabalham, os pediatras conseguem estabelecer uma rotina, respeitando que o principal alimento para o bebê até o sexto mês de vida é o leite materno ou fórmula”.
Aliás, questionamentos sobre o uso da fórmula são constantes. “O ideal sempre é amamentar com o leite materno, entretanto, em caso de impossibilidade da mãe, convém marcar uma consulta para avaliar o melhor plano e estratégia a partir daquele momento. Na impossibilidade do leite materno até mesmo ordenhado é necessário entrar com fórmula, sendo a melhor opção avaliada em consulta pelo pediatra”.
Segundo a médica, a melhor fórmula é aquela prescrita pelo pediatra que acompanha o bebê, sendo que ele detém conhecimentos sobre histórico familiar de doenças pregressas, gestação e patologias da criança. Mesmo com isso estabelecido, é preciso estar atento ao hábito intestinal adequado com ganho de peso e rotina alimentar. “Alterações que acometem o sistema gastrointestinal como diarreias ou constipação, sangue nas fezes, recusa alimentar, refluxos e baixo ganho ponderal são alertas urgentes de que algo não vai bem e é preciso investigar”, pontua Emille.
Independente da razão pela qual a mãe possa vir a ter dificuldades na amamentação é preciso cautela. “É momento de se auto avaliar e refletir. É importante que as pacientes saibam que maternar é muito mais do que apenas amamentar, é algo maior. Não, amamentar não é igual a ser ‘menos mãe’. Maternidade é um conjunto de experiências individuais e laços afetivos. Portanto, não amamentar não define uma mãe”.