Com fama de vidente dos famosos e uma história de fé iniciada aos 9 anos de idade, Mãe Michelly da Cigana se destaca não apenas por suas previsões, mas por sua postura firme e acolhedora frente às questões espirituais do Brasil atual. Em entrevista exclusiva à Revista AnaMaria, ela compartilha os bastidores de sua trajetória, o respeito que conquistou entre celebridades e o papel transformador da fé em sua vida. Confira:
Você é conhecida como a “vidente dos famosos”. Como essa relação com o universo das celebridades começou e como lida com a responsabilidade de aconselhar pessoas tão influentes?
Começou quando a imagem de Belzebu apareceu na frente da minha casa e viralizou. A partir dali, muita gente passou a conhecer o meu trabalho. Mas o boca a boca foi essencial também — é a melhor propaganda. O sigilo sempre foi minha base: manter descrição é tão importante quanto dar uma boa orientação. Celebridades me procuraram por isso, pela confiança. São 15 anos de casa aberta e de resultados. As pessoas não querem só conselhos, elas querem eficácia.
Em um país ainda marcado pelo preconceito religioso, especialmente com crenças de matriz africana, como você enxerga o papel da espiritualidade na desconstrução desses estigmas?
Infelizmente, ainda vivemos muita intolerância. Às vezes vem por maldade, outras por ignorância. O mais triste é que há preconceito até dentro da nossa própria religião. Mas sigo fazendo a minha parte. Estou construindo um santuário que já está aberto à visitação, para mostrar que não há o que temer. É uma forma de promover turismo religioso e também conhecimento.
Muitas pessoas ainda confundem práticas espirituais com misticismo negativo. O que você gostaria que todos entendessem de forma clara sobre o trabalho que realiza?
Quero deixar claro que não é a religião que faz o mal — o mal está dentro do ser humano. Já fui evangélica por dois anos antes de me tornar umbandista e quimbandeira. Vi pessoas pedindo o mal dentro da igreja. Então não é sobre qual religião, mas sobre a intenção de quem está praticando. A espiritualidade verdadeira traz equilíbrio, saúde e boas energias.
Você iniciou sua caminhada espiritual aos 9 anos, após um problema de saúde. Como esse momento transformou sua vida e consolidou sua fé?
Quando a saúde é abalada, a gente percebe que ela não tem preço. Passei por um problema grave e, naquele momento, senti a presença espiritual de forma muito forte. Foi a confirmação de que as entidades existem, estão conosco, e que é possível receber ajuda do invisível. A fé me transformou.
Existe algum ensinamento que você sempre compartilha com quem te procura, seja famoso ou anônimo, e que acredita ser essencial nos dias de hoje?
Sim: toda história tem dois lados. É preciso aprender a se colocar no lugar do outro. O perdão é importante — e perdoar não significa conviver. Um exemplo: quando um pai de família larga tudo, e a mãe de santo é chamada para “trazê-lo de volta”, as pessoas só olham o lado da mulher que está com ele agora, mas esquecem que há uma família destruída. Cada caso tem dois lados, e precisamos ter empatia.
Você acredita que as religiões e crenças podem caminhar juntas, mesmo sendo diferentes? Como é possível promover mais respeito entre as espiritualidades no Brasil?
Acredito, sim. Nós, como líderes espirituais, temos um papel essencial em ensinar o respeito. Cada pessoa é única, como os dedos das mãos. Todos nós somos filhos do mesmo Deus. Algumas pessoas se sentem melhor no catolicismo, outras no candomblé, outras no espiritismo, e está tudo bem. O respeito deve vir primeiro. Se ensinarmos isso aos nossos fiéis, já será um grande avanço.