Duas semanas, dois álbuns e quase um milhão de ouvintes mensais no Spotify. A banda The Velvet Sundown parecia prestes a estourar. Até que internautas perceberam um detalhe curioso: ninguém sabia quem eram os integrantes.
A resposta logo veio à tona. Não dava para conhecer os músicos porque eles simplesmente não existem. As imagens da banda, os nomes dos artistas e até as vozes das músicas foram criados por inteligência artificial.
Na bio do Spotify, os fictícios Gabe Farrow, Lennie West, Milo Rains e Orion “Rio” Del Mar são descritos como integrantes de uma banda psicodélica com referências dos anos 70. A descrição poética é convincente, mas não passa de uma construção digital.
Os perfis do grupo em redes sociais como o Instagram usam imagens geradas por IA, e os álbuns foram distribuídos em plataformas como Spotify, Apple Music, Deezer, Amazon Music e YouTube. Apenas a Deezer indicou a origem artificial do projeto, exibindo o aviso: “Algumas faixas neste álbum podem ter sido criadas usando inteligência artificial”.
Segundo dados da Luminate, mais de 120 mil faixas são enviadas todos os dias para serviços como o Spotify. Nesse mar de lançamentos, algoritmos são os principais responsáveis pela curadoria – o que abre espaço para artistas fantasmas e faixas completamente automatizadas.
Hoje, há playlists inteiras de lo-fi, jazz e música ambiente criadas por IA, com milhões de reproduções e sem nenhuma interferência humana aparente. A linha entre o que é real e o que é gerado digitalmente vem ficando cada vez mais tênue – e o público, muitas vezes, nem percebe.
A banda The Velvet Sundown já virou tema de debates em fóruns como o Reddit e também levantou suspeitas de uso de bots para inflar números de reprodução. Ainda assim, o projeto segue acumulando seguidores e ganhando espaço em playlists de tendências.
Enquanto isso, no TikTok, a inteligência artificial já se tornou coautora de hits, transformando funks em baladas retrô, trilhas instrumentais em músicas virais e revelando que, no fim das contas, não importa quem canta, desde que a batida agrade o algoritmo.
Resumo:
The Velvet Sundown viralizou com dois álbuns e quase 1 milhão de ouvintes no Spotify, mas revelou-se uma banda totalmente criada por inteligência artificial.
Leia também:
Geração Z usa IA para terminar namoro
Lígia Menezes
Lígia Menezes (@ligiagmenezes) é jornalista, pós-graduada em marketing digital e SEO, casada e mãe de um menininho de 3 anos. Autora de livros infantis, adora viajar e comer. Em AnaMaria atua como editora e gestora. Escreve sobre maternidade, família, comportamento e tudo o que for relacionado!