Problemas digestivos têm se tornado cada vez mais frequentes, e não se trata apenas de episódios isolados de má digestão ou gastrite. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 600 milhões de pessoas adoecem por questões digestivas todos os anos, e cerca de 420 mil morrem em decorrência dessas doenças.
No Brasil, os dados também preocupam. As internações por Doenças Inflamatórias Intestinais (como doença de Crohn e retocolite ulcerativa) aumentaram 61% nos últimos 10 anos, passando de 14.800 para 23.800 registros por ano.
Câncer colorretal e histórico familiar
Um dos principais alertas do momento é o avanço do câncer colorretal, especialmente em adultos jovens. Pacientes com doenças inflamatórias intestinais têm de 2 a 6 vezes mais risco de desenvolver esse tipo de tumor em comparação com a população geral.
O cirurgião do aparelho digestivo Rodrigo Barbosa explica que fatores genéticos devem ser sempre considerados: “Entre 5% e 20% dos casos de câncer colorretal em adultos jovens são causados por uma condição genética, como a síndrome de Lynch ou a polipose adenomatosa familiar (FAP)”, afirma.
No caso da síndrome de Lynch, o risco pode chegar a 70% ao longo da vida, com média de diagnóstico aos 40 anos.
Além disso, estudos mostram que a retocolite ulcerativa aparece até quatro vezes mais entre parentes de primeiro grau de pessoas com a condição.
Por que os casos estão aumentando?
Segundo organizações como a OMS e a American Cancer Society, há um aumento significativo de casos de câncer colorretal em pessoas com menos de 50 anos. A tendência é atribuída a uma combinação de fatores:
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Predisposição genética
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Inflamações intestinais crônicas
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Dieta rica em ultraprocessados
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Sedentarismo
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Obesidade
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Sono de má qualidade
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Estresse crônico
“O Atlas Mundial da Obesidade estima que, em 2025, 31% da população adulta global estará obesa, o que aumenta o risco de refluxo, gordura no fígado, pancreatite e até cânceres digestivos”, reforça Rodrigo.
Ele também chama atenção para a conexão entre intestino e cérebro: “O estresse crônico e a má qualidade do sono afetam o eixo intestino–cérebro, intensificando sintomas como gases, dor abdominal e alterações no trânsito intestinal.”

A importância do diagnóstico precoce
Diante desse cenário, o rastreamento se torna fundamental.
“É essencial avaliar o histórico familiar com câncer ou pólipos, iniciar colonoscopias antes dos 50 anos em casos de risco, e realizar testes genéticos quando houver suspeita de síndromes hereditárias”, alerta o especialista. “Rastrear antecedentes familiares e identificar predisposições genéticas permite intervenções precoces, melhor prognóstico e evita tratamentos tardios e invasivos, completa”
A boa notícia é que muitas dessas condições podem ser tratadas ou controladas com diagnóstico precoce, alimentação adequada, prática de exercícios e acompanhamento médico regular.
Resumo:
O número de doenças digestivas graves está crescendo, especialmente entre jovens. Fatores como genética, má alimentação, sedentarismo e estresse contribuem para esse aumento. Avaliar o histórico familiar e fazer exames precoces são medidas fundamentais para prevenir complicações como o câncer colorretal.

Lígia Menezes
Lígia Menezes (@ligiagmenezes) é jornalista, pós-graduada em marketing digital e SEO, casada e mãe de um menininho de 3 anos. Autora de livros infantis, adora viajar e comer. Em AnaMaria atua como editora e gestora. Escreve sobre maternidade, família, comportamento e tudo o que for relacionado!