Na contramão da cultura do “deslize para o lado”, homens e mulheres com alto poder aquisitivo estão abandonando os apps de relacionamento tradicionais e recorrendo a consultores especializados para encontrar o par ideal. Essa movimentação ganhou ainda mais visibilidade após o lançamento do filme Amores Materialistas, estrelado por Dakota Johnson, Pedro Pascal e Chris Evans, que retrata o dilema de uma profissional da área em sua própria vida amorosa.
Segundo Adam Cohen-Aslatei, CEO do Three Day Rule, empresa especializada nesse tipo de serviço, “tivemos nosso maior mês de vendas na história da empresa no mês passado, e já estamos no mercado há 15 anos”. Ou seja, o crescimento é real — e não isolado. Diversas empresas entrevistadas pela Bloomberg News confirmam o aumento da procura por serviços personalizados.
Decepção com os apps de relacionamento impulsiona mudança
O desânimo com os aplicativos gratuitos se tornou comum. Afinal, mesmo com tanto tempo investido em conversas, deslizes e encontros, muitos usuários relatam frustração e desgaste emocional. “É um inferno”, diz Christine Russo, moradora de Nova York. “É exaustivo, especialmente se a pessoa realmente dedica tempo, esforço e energia a isso enquanto trabalha em tempo integral”.
Não por acaso, o número de usuários pagantes do Tinder vem caindo há oito trimestres consecutivos, e a expectativa de crescimento só volta a aparecer no horizonte a partir de 2027.
Além disso, com a promessa de inúmeras opções, os apps criam a sensação constante de que pode haver “alguém melhor” a apenas um clique. Esse comportamento dificulta o envolvimento genuíno e a construção de vínculos reais.
Amores Materialistas e a influência do cinema sobre os relacionamentos
Amores Materialistas, filme dirigido por Celine Song — que já atuou como consultora de relacionamentos em Nova York — traz à tona debates sobre escolhas afetivas e prioridades emocionais. O enredo gira em torno de uma especialista em relacionamentos dividida entre dois pretendentes com perfis bem distintos: um milionário e outro mais simples, porém afetuoso.
O longa não apenas inspirou discussões sobre relacionamentos e dinheiro, mas também trouxe visibilidade a um serviço cada vez mais valorizado: o do consultor de encontros. Ou, como alguns gostam de chamar, o verdadeiro ‘headhunter’ do amor.
Vale a pena investir nesse tipo de serviço?
Embora os custos sejam altos — podendo chegar a seis dígitos em alguns casos —, muita gente acredita que o retorno compensa. Elliot Galpern, por exemplo, conheceu sua esposa por meio do Three Day Rule. Para ele, os conselhos personalizados, que iam desde o visual até a segurança emocional, fizeram toda a diferença.
Por outro lado, como os especialistas alertam, não há garantia de sucesso. E, justamente por envolver um investimento significativo, a frustração em caso de insucesso pode ser ainda maior. “Se o serviço pelo qual estou pagando só me dá um determinado número de combinações, vou ser bastante escrupulosa”, afirmou Lizzie Guarino à Bloomberg.
Enquanto isso, os aplicativos mais populares seguem oferecendo pacotes com preços variados. O Hinge, por exemplo, cobra a partir de US$29,99 por mês, e o plano mais caro do Tinder pode chegar a US$500 mensais.
Apesar disso, quem opta por um serviço personalizado geralmente está em busca de algo além de curtidas e conversas rasas. Está em busca de conexão, intimidade e, quem sabe, um final feliz digno de cinema — mesmo que custe caro.
Resumo: Cresce a adesão a serviços personalizados de encontros, impulsionada pela frustração com os apps de relacionamento. Inspirado por filmes como Amores Materialistas, o movimento revela a valorização de conexões mais profundas. No entanto, o alto custo e a falta de garantia geram expectativas elevadas.
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