Nem todo sonho precisa nascer nas grandes capitais. Alguns surgem nas montanhas — e é exatamente assim que começou a história da australiana Bianca Adler, que cresceu na pequena cidade de Annecy, nos Alpes franceses, cercada por picos nevados, trilhas e paisagens que pareciam saídas de um cartão-postal.
Foi ali, aos pés das montanhas, que a paixão pela natureza começou a ser cultivada dentro dela. Mesmo sem praticar esportes em nível profissional, seus pais valorizavam o contato com o ar livre, e desde pequena ela aprendeu a se aventurar: caminhadas, escaladas, canoagem, ski, trilhas de bike… “Tudo com muita diversão e em família”, como ela mesma define.
O começo de uma paixão (e de muitos desafios)
Com o tempo, a curiosidade da Bianca pelas grandes montanhas foi crescendo. Já mais experiente, passou a escalar picos técnicos e desafiadores nos Alpes franceses e italianos. Mesmo sendo frequentemente a mais jovem e a mais lenta nos grupos de escalada, nunca desistia. “Sempre achava um jeito de continuar. A superação virava combustível”, conta no blog onde documenta a preparação para o maior desafio de sua vida.
Foi assim, na base da persistência e da paixão, que ela seguiu desbravando novas montanhas ao redor do mundo. Já adulta e de volta à Austrália, um país praticamente plano, ela manteve o foco nos treinos e nas expedições internacionais. Passou pelos Andes, pelos Himalaias e somou diversas conquistas — entre elas, dois recordes mundiais de escalada, incluindo um registrado pelo Guinness World Records.
Quando a derrota ensina mais que a vitória
Apesar de tantas conquistas, nem tudo saiu como planejado. Em abril de 2023, Bianca encarou o Ama Dablam, uma montanha de 6.812 metros no Nepal. Era uma das escaladas mais importantes da sua trajetória. No entanto, um acidente mudou tudo: ao tentar subir um trecho íngreme de gelo, lesionou o joelho e precisou abandonar a missão.
“Na hora, me senti completamente derrotada. Era meu sonho, e eu falhei”, relembra.
Mas a montanhista não deixou a dor vencer. Bianca passou meses se recuperando, reabilitando o joelho com fisioterapia e se fortalecendo emocionalmente para tentar de novo. E foi exatamente isso que ela fez. Em outubro do mesmo ano, voltou ao Nepal e conquistou o que antes parecia impossível: alcançou o cume do Ama Dablam — e, de quebra, quebrou o recorde mundial como a mulher mais jovem da história a realizar esse feito.
“Foi uma prova de que eu era capaz de me reerguer. E que os tropeços do caminho não significam o fim da jornada.”
Próxima parada: o topo do mundo
Agora, Bianca está se preparando para a sua maior aventura: escalar o Monte Everest, o ponto mais alto do planeta. Mas, para ela, essa expedição vai muito além de atingir uma marca pessoal.
“Quero mostrar que todo mundo pode descobrir um jeito de se apaixonar pelo ar livre. Não importa o nível de experiência ou a idade. Sair da zona de conforto transforma a gente por dentro”, diz.
Com uma trajetória marcada por coragem, resiliência e amor pela natureza, Bianca acredita que inspirar outras pessoas — especialmente mulheres — é parte da missão. “Encarar o Everest vai ser minha jornada mais difícil até agora, mas estou animada com cada passo que me leva até lá.”
Resumo: Bianca Adler cresceu entre os picos dos Alpes franceses e, desde cedo, cultivou a paixão pelas montanhas. Com duas conquistas registradas em recordes mundiais, ela se destaca no cenário do montanhismo feminino. Após sofrer uma lesão no Himalaia, deu a volta por cima e quebrou o recorde de mulher mais jovem a escalar o Ama Dablam. Agora, se prepara para seu maior desafio: o Monte Everest.
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