Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha em junho deste ano, trabalhar por conta própria tornou-se a escolha de 59% dos brasileiros. Isso representa uma mudança significativa na relação dos trabalhadores com o mercado. Já 39% preferem o modelo tradicional, sendo contratados por empresas. O levantamento entrevistou 2.004 pessoas em 136 municípios, com margem de erro de dois pontos percentuais.
Além disso, desde 2022, cresceu o número de pessoas que priorizam ganhar mais, mesmo sem registro: esse índice passou de 21% para 31%. Ao mesmo tempo, caiu de 77% para 67% a fatia dos que continuam dando mais valor às regras da CLT, ainda que o salário seja menor.
Quem prefere o trabalho autônomo e por quê
A escolha por trabalhar por conta própria está presente em todas as idades, mas chama atenção entre os mais jovens. Entre aqueles de 16 a 24 anos, 68% preferem ser autônomos. Já entre os maiores de 60, metade dos entrevistados também aponta essa preferência.
Essa tendência aparece com força entre quem busca mais liberdade para definir horários e quantidade de trabalho. Profissões ligadas a aplicativos de transporte, entrega e comércio online se encaixam nesse perfil e ajudam a explicar esse movimento.
Além disso, quem considera que o importante é o valor do salário, independentemente do registro, tem uma forte inclinação para o trabalho por conta própria: 85% dos que pensam assim escolhem essa modalidade, enquanto apenas 13% optam pelas regras da CLT.

O valor da CLT entre diferentes perfis
Mesmo com a mudança nas preferências, o modelo CLT ainda tem peso relevante, especialmente entre mulheres, trabalhadores mais velhos e pessoas de menor renda. De acordo com o Datafolha, 71% das mulheres entrevistadas consideram a carteira assinada mais importante, enquanto entre os homens esse número é de 62%.
Quando o assunto é a faixa de renda, o vínculo formal é mais valorizado por quem recebe até dois salários mínimos: 72% priorizam o registro. O percentual cai para 56% entre aqueles que ganham mais de dez salários mínimos. O mesmo padrão aparece no recorte por escolaridade e ocupação: aposentados (80%), funcionários públicos (72%) e trabalhadores com ensino fundamental (75%) destacam a importância da estabilidade e benefícios do trabalho formal.

Tendência é que a busca por flexibilidade aumente
A pesquisa também mostra como fatores culturais e econômicos, como a popularização do trabalho remoto e o baixo desemprego, influenciam essa preferência. Com o mercado aquecido, muitos brasileiros enxergam mais oportunidades para buscar ganhos maiores, o que, por consequência, reduz a atratividade da CLT em certos setores.
Além disso, as novas gerações parecem ter uma relação diferente com o trabalho: buscam flexibilidade e liberdade para definir seus próprios rumos. Por isso, ao que tudo indica, a tendência de priorizar o trabalho por conta própria deve se intensificar nos próximos anos.
Resumo:
A pesquisa Datafolha revela que o desejo de trabalhar por conta própria cresce entre os brasileiros, enquanto a preferência pela CLT diminui. Fatores como flexibilidade, maior renda e o perfil das novas gerações impulsionam essa mudança no mercado de trabalho.
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