A meningite é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pode ser causada por vírus, bactérias e até fungos, sendo que a forma bacteriana exige atenção imediata por seu potencial de gravidade.
O que muita gente não sabe é que esse quadro pode surgir como complicação de uma infecção aparentemente banal, como a otite média – inflamação no ouvido médio, bastante comum, especialmente em crianças.
Segundo a otorrinolaringologista Kátia Virginia, do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco, essa ligação tem explicação anatômica. “A meningite pode ser uma complicação grave das otites médias agudas ou crônicas mal tratadas. A orelha média guarda limites bem próximos com o crânio e as meninges, podendo haver disseminação da infecção por contiguidade, através do osso, ou pela corrente sanguínea”, explica.
Sintomas que merecem atenção
Nem toda dor de ouvido é motivo de alarme, mas alguns sinais podem indicar evolução para um quadro mais grave. A médica orienta atenção especial aos seguintes sintomas:
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Febre alta persistente
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Dor de cabeça intensa
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Sonolência ou confusão mental
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Rigidez na nuca
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Vômitos em jato
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Convulsões
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Sensibilidade à luz
No caso das crianças pequenas, a especialista chama atenção para fontanela abaulada, choro inconsolável e irritabilidade intensa. Já os sinais auditivos de alerta incluem saída de pus ou sangue pelo ouvido, inchaço atrás da orelha, paralisia facial e perda auditiva súbita.

O que fazer diante dos sintomas?
A melhor forma de evitar complicações é não negligenciar as infecções de ouvido, mesmo as aparentemente simples. “Toda dor ou infecção de ouvido precisa ser avaliada, tratada e conduzida adequadamente por um otorrinolaringologista”, orienta Kátia.
Entre os cuidados básicos estão:
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Buscar atendimento médico logo nos primeiros sinais de infecção
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Evitar entrada de água no ouvido quando há perfuração do tímpano
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Tratar adequadamente gripes e infecções respiratórias
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Redobrar a atenção em grupos vulneráveis: bebês, idosos, gestantes e pessoas com imunidade baixa
Conheça as vacinas contra meningite
A prevenção da meningite bacteriana se dá pelas vacinas, que ajudam a proteger contra os principais tipos da doença. Pelo SUS, são oferecidas:
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Vacina meningocócica C conjugada, aplicada em bebês a partir dos 3 meses de idade.
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Vacina meningocócica ACWY, disponível para adolescentes de 11 a 14 anos.
Na rede privada, existem ainda outras duas opções:
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Meningocócica ACWY conjugada, indicada a partir dos 2 meses e com reforços ao longo da infância.
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Meningocócica B, recomendada para bebês, crianças e adolescentes, além de adultos com indicação médica.
Essas vacinas protegem contra diferentes cepas da bactéria Neisseria meningitidis, uma das principais causadoras da meningite bacteriana. Embora nem todas estejam disponíveis gratuitamente, vale conversar com o pediatra ou clínico para avaliar a necessidade individual.
Possíveis sequelas
Se não for tratada corretamente, a meningite pode deixar marcas duradouras. “Essas complicações podem deixar sequelas neurológicas e cognitivas importantes, comprometendo a qualidade de vida do paciente”, alerta a médica.
Entre os problemas mais comuns estão:
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Zumbido e perda auditiva
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Tontura crônica
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Abscessos cerebrais
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Danos neurológicos permanentes
O diagnóstico costuma envolver exames clínicos, tomografia, ressonância magnética, exames de sangue e punção lombar para análise do líquor. O tratamento inclui antibióticos intravenosos, anti-inflamatórios e, em alguns casos, cirurgia para tratar a infecção no ouvido.
“Meningite é uma emergência médica, e embora nem todos os casos estejam relacionados a infecções de ouvido, esse é um fator de risco real e, na maioria das vezes, prevenível. A conscientização sobre os sinais de alerta e a busca por atendimento especializado são as principais formas de proteger a saúde auditiva e neurológica, especialmente em populações mais suscetíveis”, finaliza a Kátia.
Resumo:
A meningite pode surgir como complicação de infecções de ouvido, principalmente em crianças. Identificar sintomas, buscar tratamento precoce e manter a vacinação em dia são atitudes fundamentais para evitar riscos e proteger o cérebro e a audição.

Lígia Menezes
Lígia Menezes (@ligiagmenezes) é jornalista, pós-graduada em marketing digital e SEO, casada e mãe de um menininho de 3 anos. Autora de livros infantis, adora viajar e comer. Em AnaMaria atua como editora e gestora. Escreve sobre maternidade, família, comportamento e tudo o que for relacionado!