A obesidade infantil deixou de ser uma preocupação pontual para se tornar uma questão de saúde pública urgente no Brasil. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025, da Federação Mundial da Obesidade, metade das crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos poderá estar com sobrepeso ou obesidade até 2035. Diante de dados tão alarmantes, é comum que pais e responsáveis se sintam angustiados e até culpados.
Mas a prevenção não precisa passar pelo caminho da culpa. É o que defende a médica nutróloga Bruna Durelli, especialista em saúde metabólica e co-fundadora da empresa de saúde personalizada Levser.
Para ela, o foco deve estar na criação de um ambiente familiar mais consciente, sem pressões extremas nem restrições rígidas. “Prevenir a obesidade infantil envolve criar um ambiente que estimule hábitos saudáveis de forma natural e respeitosa”, afirma.
A seguir, confira as cinco principais orientações da especialista para cuidar da alimentação e do bem-estar das crianças com empatia, responsabilidade e equilíbrio:
1. Reavalie o ambiente alimentar da casa
O que está à disposição no dia a dia? Como são as refeições em família? “Crianças aprendem muito mais pelo exemplo do que por regras. Priorizar refeições em família e alimentos mais naturais e menos ultraprocessados à disposição já é um grande passo. Não se trata de proibir, mas de priorizar”, orienta Bruna.
2. Enxergue o movimento como brincadeira
Exercício não precisa ser sinônimo de obrigação. “Dançar, andar de bicicleta, brincar no quintal ou no parque: tudo isso conta e pode ser muito mais eficaz se a criança estiver se divertindo”, explica. O importante é sair do sedentarismo com leveza.
3. Evite rotular alimentos como “bons” ou “maus”
Dizer que doce é “vilão” ou que salada é “obrigatória” pode criar uma relação de culpa com a comida. “Quando colocamos moralidade na comida, criamos uma relação de culpa. O ideal é ensinar sobre equilíbrio: frutas e legumes devem ser parte do dia a dia, enquanto doces podem existir em contextos especiais, sem punição ou chantagem”, afirma a nutróloga.
4. Respeite a individualidade da criança
Nem toda criança come do mesmo jeito. E tudo bem. “Cada criança tem seu ritmo, suas preferências e até questões emocionais que envolvem o comer. Impor dietas rígidas ou comparações com irmãos e colegas só gera frustração”, alerta. Escutar, observar e acolher é mais produtivo do que pressionar.
5. Busque apoio profissional
Lidar com a obesidade infantil exige cuidado multidisciplinar. “A obesidade infantil é uma condição complexa, que vai muito além da balança. O acompanhamento com médicos, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos faz toda a diferença, inclusive para a família como um todo”, conclui Bruna.
A médica também destaca que, embora a cirurgia bariátrica esteja liberada para adolescentes a partir dos 14 anos, ela não resolve tudo sozinha. “Com ou sem cirurgia, o cuidado precisa ser coletivo. Crianças e adolescentes sentem o peso da obesidade não só no corpo, mas também na autoestima, nas relações e no emocional. Por isso, o tratamento precisa ir além da balança: envolve escuta, presença e, principalmente, um ambiente familiar que acolhe e não julga.”
Resumo:
A obesidade infantil já atinge milhões de crianças e adolescentes no Brasil. Com base em evidências e prática clínica, a nutróloga Bruna Durelli apresenta cinco formas de prevenir a doença com empatia, sem culpa e com envolvimento de toda a família.
Lígia Menezes
Lígia Menezes (@ligiagmenezes) é jornalista, pós-graduada em marketing digital e SEO, casada e mãe de um menininho de 3 anos. Autora de livros infantis, adora viajar e comer. Em AnaMaria atua como editora e gestora. Escreve sobre maternidade, família, comportamento e tudo o que for relacionado!