Uma pesquisa realizada pela revista britânica Sight and Sound em 2022 reuniu 460 cineastas de várias partes do mundo para responder a uma das perguntas mais complexas da história do cinema: quais são os 10 melhores filmes de todos os tempos segundo cineastas? Entre os participantes estavam nomes renomados como Martin Scorsese, Sofia Coppola, Oliver Stone e representantes do cinema brasileiro como Walter Salles, Kleber Mendonça Filho e Karim Aïnouz. A votação resultou em uma seleção poderosa de títulos que marcaram e continuam influenciando a sétima arte. Mais do que um simples ranking, essa compilação revela o impacto cultural e artístico dessas obras, mostrando como o cinema pode transcender o tempo e se manter relevante por gerações. Neste artigo, vamos explorar os filmes eleitos, entender o que os torna tão influentes e por que essa lista é referência entre os profissionais do cinema.
Quais filmes foram escolhidos como os melhores de todos os tempos?
A lista dos 10 melhores filmes de todos os tempos segundo cineastas foi construída com base em critérios que vão muito além da técnica. Emocional, cultural e esteticamente marcantes, esses títulos atravessam décadas e fronteiras. Cada filme representa uma forma de reinventar a linguagem cinematográfica.
Confira os dez filmes mais votados na pesquisa:
- O Encouraçado Potemkin (1925), de Sergei Eisenstein
- Ladrões de Bicicleta (1948), de Vittorio De Sica
- Psicose (1960), de Alfred Hitchcock
- A Regra do Jogo (1939), de Jean Renoir
- A Doce Vida (1960), de Federico Fellini
- Solaris (1972), de Andrei Tarkovski
- Hiroshima, Meu Amor (1959), de Alain Resnais
- O Sétimo Selo (1957), de Ingmar Bergman
- A Aventura (1960), de Michelangelo Antonioni
- O Homem com a Câmera (1929), de Dziga Vertov
Esses filmes foram aclamados por sua originalidade e por mudarem os rumos da narrativa e da estética no cinema mundial.
Por que esses filmes são tão influentes na história do cinema?
Cada um dos filmes da lista se destacou por uma razão particular, seja técnica, narrativa ou emocional. O Encouraçado Potemkin revolucionou a montagem com a famosa cena da escadaria de Odessa. Já Ladrões de Bicicleta inaugurou o neorrealismo italiano com sua abordagem humana e cotidiana. Psicose mudou completamente o gênero de suspense, desafiando o público com uma estrutura narrativa até então inédita. Solaris e O Sétimo Selo introduziram o existencialismo e a filosofia como parte da experiência cinematográfica. São filmes que propuseram novas formas de pensar e sentir o cinema, tornando-se eternas referências para diretores de todas as épocas.
Como essa seleção revela a diversidade do cinema mundial?
A lista reflete uma diversidade tanto geográfica quanto temática. Há obras da União Soviética, Itália, França, Japão e Suécia, mostrando que o cinema não tem fronteiras e que grandes histórias podem surgir em qualquer canto do mundo. Enquanto O Homem com a Câmera é uma celebração da linguagem visual soviética, A Regra do Jogo critica a aristocracia francesa de forma quase teatral. Já Hiroshima, Meu Amor mistura documentário e ficção para explorar a memória pós-guerra. Cada título representa não só seu país de origem, mas também um olhar cultural único sobre o ser humano e a sociedade.
Onde é possível assistir aos filmes mais votados por cineastas?
Hoje, com as plataformas digitais e acervos online, muitos desses clássicos estão ao alcance do público. Veja onde encontrar alguns deles:
- Ladrões de Bicicleta – Belas Artes À La Carte, MUBI, YouTube (aluguel)
- Psicose – Telecine, Prime Video
- Solaris – MUBI, Looke
- O Sétimo Selo – Belas Artes À La Carte
- A Doce Vida – MUBI, Telecine
- A Aventura – YouTube (aluguel), Prime Video (aluguel)
Outros títulos como O Encouraçado Potemkin e O Homem com a Câmera estão disponíveis em domínio público, podendo ser encontrados em bibliotecas digitais e plataformas como o Internet Archive. Mostras de cinema, cinematecas e instituições culturais também costumam exibir essas obras em sessões especiais.
Como esses filmes continuam impactando novas gerações de cineastas?
Muitos dos grandes diretores contemporâneos citam esses filmes como inspiração direta para suas obras. Martin Scorsese já declarou sua admiração por A Regra do Jogo, enquanto Lars von Trier tem O Sétimo Selo como uma de suas maiores referências visuais. Mais do que homenagens, essas influências moldam estilos, diálogos e estruturas narrativas. Novos cineastas estudam esses filmes para aprender sobre ritmo, enquadramento, simbolismo e construção de personagens. Essas obras se mantêm relevantes porque continuam a oferecer camadas de significado que desafiam e encantam o público, mesmo décadas após seu lançamento.
O que a escolha desses filmes revela sobre o olhar dos cineastas?
A seleção mostra que, para quem faz cinema, o valor de um filme está na sua essência artística e emocional. Os votantes buscaram obras que provocam, que transformam, que deixam marcas. A presença de filmes como Hiroshima, Meu Amor ou A Aventura — muitas vezes desafiadores para o público geral — evidencia que os critérios vão além do entretenimento. Essa curadoria feita por cineastas é uma espécie de espelho do que eles valorizam em suas próprias criações: ousadia, profundidade, autenticidade e liberdade narrativa. A pluralidade da lista reforça que o “melhor” no cinema é sempre subjetivo, mas quando há consistência emocional e estética, o impacto é universal.
Por que vale a pena conhecer (ou rever) esses clássicos?
Assistir aos filmes considerados os melhores de todos os tempos segundo cineastas é mais do que uma jornada pela história do cinema — é uma forma de entender como evoluímos enquanto sociedade e cultura. Essas obras revelam como o ser humano lidou com a guerra, o amor, a solidão, a fé e o progresso tecnológico por meio da arte. São filmes que ensinam, comovem e transformam. Rever essas produções com um olhar atento pode renovar a forma como você assiste e interpreta qualquer filme no futuro. Para estudantes de cinema, é uma aula viva. Para amantes da sétima arte, é um tesouro inesgotável de inspiração. E para o público geral, é um convite à contemplação e ao encantamento com a linguagem cinematográfica em seu estado mais puro.