Imagine se fosse com você: em meio a um sono tranquilo, a sensação da roupa de cama molhada te desperta e você percebe que fez xixi na cama. Como você se sentiria? Frustrada, confusa ou, muito possivelmente, envergonhada. Pois é assim que muitas crianças se sentem quando passam por essa situação – e isso é mais comum do que parece. Até os cinco anos, fazer xixi na cama de vez em quando é algo natural.
E isso tem explicação: o controle total da bexiga, principalmente durante o sono, se consolida depois dos cinco anos. “Só depois dessa idade é que a gente começa a falar em enurese noturna, que é quando a criança já deveria ter esse controle, mas continua molhando a cama com frequência”, explica Renata Castro, especialista em Pediatria e Neonatologia pela Sociedade Brasileira de Pediatria em entrevista à AnaMaria.
Nada de bronca!
Em primeiro lugar, é preciso olhar com acolhimento para a criança. A exaustão pode se refletir da pior forma nessas horas – e os cuidadores correm o risco de acabar agindo com impulsividade. Não por maldade, mas por cansaço. Por isso, antes de repreender uma criança que fez xixi na cama, pare, respire e conte até dez.
“A criança precisa se sentir segura e amada. Uma escuta afetuosa, combinada com atitudes práticas como trocar os lençóis junto com ela de maneira tranquila, ajuda a mostrar que aquilo é passageiro e que ela não está sozinha”, orienta Tâmille Cristhine de Morais, psicóloga especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental para crianças e adolescentes.
Quando as emoções se refletem na enurese noturna
Mudanças na rotina, conflitos familiares, nascimento de irmãos ou até mesmo desafios na escola podem impactar a saúde emocional das crianças. Essas questões podem se manifestar durante o sono, momento em que os pequenos estão mais vulneráveis.
Por isso, é importante observar se há sinais de que algo está incomodando a criança. Se seu filho está mais quieto, irritado, ansioso ou até mesmo mais dependente do que o normal, fique atenta. Especialmente se o xixi na cama acontecer de forma repentina, depois que a criança já sabe controlar a bexiga.
Quando é hora de procurar ajuda?
Se os episódios de xixi na cama se tornam frequentes depois dos cinco ou seis anos, é importante buscar orientação médica. Embora a enurese noturna muitas vezes esteja relacionada ao amadurecimento do organismo, ela também pode ser sinal de algo mais.
“Se a criança já conseguia segurar o xixi e voltar a fazer na cama depois de um tempo, isso pode indicar um fator emocional ou até mesmo algum problema de saúde”, explica a pediatra. Outros sinais de alerta incluem escapes durante o dia, dor ao urinar, sede em excesso, perda de peso ou qualquer mudança no comportamento da criança. Nesses casos, o acompanhamento com o pediatra é fundamental.
“Em algumas situações, o médico pode encaminhar para um urologista ou nefrologista pediátrico, principalmente quando há infecções frequentes, exames alterados ou o tratamento inicial não traz resultado”, completa Renata.
E se a autoestima do pequeno começar a ser afetada, vale também considerar a ajuda de um psicólogo. “A psicoterapia infantil pode ajudar a identificar causas emocionais e criar um espaço seguro para que a criança se expresse. Quanto mais cedo a intervenção, mais leve tende a ser o processo”, afirma a psicóloga
Como recuperar a autoestima do pequeno
Crianças que fazem xixi na cama podem enfrentar problemas de autoestima – e é essencial que elas tenham seus sentimentos validados com empatia e amorosidade. São os cuidadores mais próximos que devem oferecer acolhimento, apoio e, acima de tudo, respeito.
Uma boa estratégia é mostrar que essa situação é mais comum do que parece. Isso ajuda a criança a não se sentir sozinha. Tâmille sugere o uso de frases como: “Isso acontece com outras crianças também, e vamos passar por isso juntos!” ou “Seu corpo ainda está aprendendo, e está tudo bem.”
“Essas são formas de trazer leveza e segurança. O tom da conversa deve ser calmo, sem julgamentos”, orienta a especialista.
Resumo: Fazer xixi na cama é comum na infância e, até os cinco anos, costuma ser normal. Mas, se os episódios persistem ou surgem de repente, vale observar possíveis causas emocionais ou de saúde. Acolher a criança com empatia é essencial – e, se necessário, buscar ajuda médica e psicológica.
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A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (18 de abril). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.