Na última quinta-feira (22), o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) suspendeu a certificação do programa de intercâmbio da Universidade Harvard. A medida impede que a instituição, uma das mais renomadas do mundo, emita vistos estudantis para alunos internacionais — o que afeta milhares de estudantes.
A informação veio à tona após o jornal The New York Times divulgar o conteúdo de uma carta assinada por Kristi Noem, secretária do DHS. O documento confirma a revogação do Student and Exchange Visitor Program (SEVP), mecanismo usado para registrar estudantes estrangeiros e viabilizar a emissão do visto F-1. Com isso, Harvard perde temporariamente o direito de matricular novos alunos internacionais, comprometendo não só seu calendário acadêmico como também sua diversidade cultural.
Embate entre Harvard e governo Trump ganha novo capítulo
Embora o governo não tenha esclarecido todos os motivos da revogação, o contexto da decisão sugere mais um episódio da longa disputa entre a gestão de Donald Trump e a universidade. Em abril, o governo já havia congelado cerca de US$ 2,2 bilhões em bolsas federais destinadas à Harvard, depois que a instituição recusou exigências que envolviam cortes em programas de diversidade, equidade e inclusão.
Além disso, a administração Trump pressionava universidades a reavaliar o ingresso de estrangeiros com base em “preocupações ideológicas”. Esse tipo de interferência já havia gerado indignação entre acadêmicos e lideranças educacionais, que acusam o governo de comprometer a autonomia universitária.
Justiça dos EUA bloqueia efeitos imediatos da medida
Felizmente, nem tudo está perdido para os alunos afetados. Pouco mais de uma hora após a divulgação da reportagem, um juiz da Califórnia determinou a suspensão temporária da medida. A decisão impede que o governo prenda, deporta ou aplique penalidades legais aos estudantes internacionais até que o caso seja resolvido judicialmente.
Segundo o juiz White, as ações do governo “causaram estragos não apenas na vida dos autores aqui, mas também na de imigrantes não-imigrantes com visto F-1 em situação semelhante em todos os Estados Unidos”. Portanto, embora o cenário seja delicado, a Justiça americana oferece uma possibilidade de respiro — ao menos por enquanto.
Por que a exclusão de estrangeiros em Harvard preocupa o mundo acadêmico
A suspensão do SEVP vai além das fronteiras da universidade. Diversas instituições americanas dependem dos alunos estrangeiros para manter seus programas de pesquisa, inovação e inclusão. A ausência desses estudantes pode gerar prejuízos financeiros e intelectuais — especialmente em faculdades voltadas para ciência e tecnologia.
Além disso, a presença de estrangeiros em Harvard é símbolo de um ambiente multicultural e plural. Cortar esse vínculo representa um retrocesso para o intercâmbio de ideias e valores que alimenta a produção acadêmica nos Estados Unidos. Por isso, a decisão do DHS gerou protestos em outras universidades e levantou o debate sobre o papel da educação como ponte entre culturas.
Harvard ainda não se pronunciou oficialmente sobre a decisão
Até o momento, a universidade não divulgou nota oficial sobre a medida. No entanto, fontes ligadas à instituição confirmaram que a notificação do governo já foi recebida e está sendo analisada por equipes jurídicas e diplomáticas. Mesmo assim, o efeito da suspensão é imediato, o que exige ações urgentes da direção da universidade para garantir o futuro dos estudantes.
Enquanto isso, o caso segue nos tribunais e continua atraindo a atenção da comunidade internacional — não apenas por envolver Harvard, mas por expor mais uma vez os impactos das políticas migratórias do presidente Trump.
Resumo: A suspensão do programa de vistos estudantis da Harvard evidencia mais um conflito com o governo Trump e afeta milhares de estrangeiros. Embora a Justiça tenha bloqueado os efeitos imediatos da medida, o futuro dos estudantes internacionais ainda é incerto. A comunidade acadêmica mundial acompanha atenta os próximos passos da universidade e das autoridades americanas.
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