Certamente, você já ouviu falar no Jogo do Tigrinho. Talvez até já tenha testado, por curiosidade. Ou quem sabe alguém da sua família já tenha se envolvido com apostas online. O que parecia uma distração, um passatempo inofensivo, rapidamente tem se tornado um problema sério.
Um estudo feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que 1,4 milhão de brasileiros já desenvolveram o transtorno de jogo, com prejuízos emocionais, sociais e financeiros. Outros 10,9 milhões estão no caminho do vício, apresentando sintomas de dependência.
Por que tanta gente está se viciando?
As apostas online – aquelas feitas em plataformas chamadas de “bets” – cresceram rapidamente no Brasil. Já são usadas por mais de 9 milhões de pessoas, e quase 40% dos apostadores que jogaram no último ano já apresentam algum nível de problema, segundo a pesquisa. O risco é ainda maior entre adolescentes e pessoas de menor renda.
Os números são especialmente preocupantes entre os jovens: mais da metade dos adolescentes que jogam já têm comportamento de risco. Isso acontece porque eles estão mais expostos à publicidade desses jogos nas redes sociais, têm menos controle emocional e, muitas vezes, veem o jogo como forma de ganhar dinheiro rápido, o que raramente acontece.
O vício começa em silêncio
O estudo também mostrou que quem usa plataformas digitais tem quatro vezes mais chances de desenvolver vício do que quem aposta em outras modalidades. E esse tipo de vício é traiçoeiro: começa devagar, com pequenas apostas, mas pode acabar dominando o dia a dia.
Mas será que é hora de se preocupar? Se você ou alguém da sua casa já gastou mais do que devia, mentiu para continuar jogando, tentou parar e não conseguiu ou começou a ter problemas no trabalho ou nos relacionamentos por causa das apostas, é hora de ligar o alerta.
Quando o jogo deixa de ser diversão
O vício em jogos de aposta é reconhecido pela medicina como um transtorno mental, com sintomas e consequências semelhantes ao alcoolismo e à dependência de drogas. Pode causar ansiedade, depressão, perda de vínculos afetivos, dívidas e até atitudes ilegais, como furto de dinheiro da família.
O problema afeta especialmente quem está em situação mais vulnerável. Mais da metade das pessoas que ganham até um salário-mínimo e apostam já apresentam sinais de vício. Para quem vive com o orçamento apertado, qualquer prejuízo financeiro tem impacto direto na qualidade de vida da família.
Como se proteger – ou ajudar quem precisa
- Converse sobre o assunto. O vício em apostas ainda é cercado de vergonha e silêncio. Falar pode ser o primeiro passo para buscar ajuda.
- Aposte na informação. Entenda os riscos, as chances reais de perder dinheiro e como os jogos são programados para manter o usuário jogando.
- Coloque limites. Controle o tempo e o dinheiro gastos. Se isso for difícil, é sinal de alerta.
- Evite jogar sob efeito de álcool ou estresse. Isso reduz o autocontrole e aumenta o risco de decisões impulsivas.
- Busque apoio. Grupos como os Jogadores Anônimos oferecem suporte emocional e orientação para quem quer sair do vício.
O vício em jogos de aposta pode atingir qualquer pessoa, inclusive, mulheres, mães, donas de casa e adolescentes. Falar sobre o tema com clareza, sem julgamento, é essencial para que mais famílias possam reconhecer os sinais e buscar ajuda a tempo.
A matéria acima foi produzida para a revista AnaMaria Digital (edição 1467, de 2 de maio de 2025). Se interessou? Baixe agora mesmo seu exemplar da Revista AnaMaria nas bancas digitais: Bancah, Bebanca, Bookplay, Claro Banca, Clube de Revistas, GoRead, Hube, Oi Revistas, Revistarias, Ubook, UOL Leia+, além da Loja Kindle, da Amazon. Estamos também em bancas internacionais, como Magzter e PressReader.