O Dia das Mães, comemorado neste domingo, 11 de maio, é também uma oportunidade para refletir sobre temas que afetam diretamente a saúde e o bem-estar de mulheres em diferentes fases da maternidade. Um deles é o consumo de bebidas alcoólicas.
O CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool), referência nacional no assunto, divulgou um material com respostas claras e embasadas sobre o álcool ao longo da maternidade – da gestação à criação dos filhos. A iniciativa tem como objetivo desfazer mitos, orientar e proteger tanto as mulheres quanto suas famílias.
Segundo o CISA, cerca de 15% das gestantes no Brasil consomem bebidas alcoólicas, o que representa um risco significativo para o desenvolvimento do bebê. O alerta é para os impactos do Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF), condição causada pela exposição do feto ao álcool.
“Há maior conscientização sobre os impactos do álcool na gestação e a recomendação de abstinência total do álcool nesse período, não importando o tipo de bebida alcoólica. Mas esse é um tema que começa na gravidez e permanece relevante ao longo da construção da relação mãe e filho”, afirma a coordenadora do CISA, Mariana Thibes.
Confira as 5 principais dúvidas respondidas pela entidade:
1. Posso beber “cerveja sem álcool” na gravidez?
Mesmo que o rótulo diga “sem álcool” ou “zero álcool”, muitas bebidas desse tipo ainda contêm teor alcoólico residual, que pode chegar a 0,5%. Embora pareça pouco, esse percentual não é considerado seguro durante a gravidez.
Durante a gestação, não existe uma quantidade segura de consumo de álcool. Por isso, o CISA orienta que mulheres grávidas evitem qualquer produto que contenha álcool, mesmo em níveis baixos, como é o caso de algumas cervejas sem álcool ou kombuchas.
Esse cuidado é essencial porque o álcool atravessa a placenta e atinge o feto em desenvolvimento, podendo comprometer a formação de órgãos, especialmente do cérebro.
2. Quais os riscos para o bebê se eu consumir bebida alcoólica na gestação?
O maior risco é o desenvolvimento do Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF). Trata-se de um conjunto de condições que vão desde problemas físicos e malformações até alterações cognitivas e comportamentais.
Entre os impactos possíveis estão:
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Dificuldades de aprendizagem
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Déficits de memória e atenção
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Problemas de fala e linguagem
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Agressividade e impulsividade
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Alterações faciais típicas, em casos mais graves
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Comprometimento no crescimento e desenvolvimento motor
A forma mais grave do TEAF é a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), que pode provocar danos permanentes e irreversíveis.
Por isso, a recomendação é clara: nenhuma dose de álcool é segura durante a gravidez, independentemente da fase gestacional ou do tipo de bebida.
3. Beber durante a gravidez pode ocasionar outros problemas?
Sim. Além dos riscos neurológicos e cognitivos ao bebê, o álcool pode interferir diretamente na evolução da gestação. Estudos indicam que o consumo de bebidas alcoólicas está associado a:
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Parto prematuro, com todos os riscos que isso representa para o recém-nascido
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Restrição de crescimento intrauterino, fazendo com que o bebê nasça com peso abaixo do esperado
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Maior risco de natimorto, embora esse dado ainda esteja sendo aprofundado por pesquisas
O álcool também pode agravar outras condições preexistentes da gestante, como doenças hepáticas ou cardiovasculares, prejudicando ainda mais a saúde materna e fetal.
4. Posso beber enquanto amamento?
Embora não exista uma proibição absoluta, o CISA considera o consumo de álcool durante a amamentação desaconselhado. Isso porque o álcool ingerido pela mãe passa para o leite materno e, consequentemente, para o bebê.
Nos primeiros meses de vida, o fígado da criança ainda está imaturo e tem dificuldade de processar substâncias tóxicas como o álcool. Isso pode afetar o sono, o apetite e o desenvolvimento neurológico do bebê.
A recomendação é que mães que desejem consumir bebidas alcoólicas sigam algumas orientações de segurança:
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Evitar totalmente o consumo enquanto o bebê estiver em aleitamento exclusivo
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Aguardar de 2 a 3 horas por dose alcoólica antes de amamentar novamente
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Realizar ordenha antes do consumo, para oferecer leite livre de álcool posteriormente
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Optar por amamentar apenas após o álcool ter sido eliminado do organismo
Mesmo com essas orientações, a recomendação principal segue sendo a abstinência, especialmente nos primeiros meses de vida da criança.
5. Meu modo de beber pode influenciar a forma de beber dos meus filhos?
Sim. O comportamento dos pais influencia diretamente os hábitos dos filhos, inclusive em relação ao álcool. Crianças crescem observando o ambiente familiar e aprendem com os exemplos.
Pesquisas mostram que filhos de pais que consomem álcool de forma abusiva têm maior chance de iniciar o consumo precoce e de desenvolver um padrão de uso nocivo. Além disso, a permissividade dos pais (por exemplo, deixar que adolescentes bebam em casa) também está relacionada a maior risco de abuso no futuro.
Por outro lado, atitudes como estabelecer regras claras sobre o consumo de álcool, conversar abertamente sobre os riscos e monitorar o comportamento e as amizades dos filhos atuam como fatores de proteção, ajudando a adiar o início do consumo e reduzindo os danos associados.
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