Todo mundo tem aquela amiga ou conhecida que comeu as combinações mais improváveis durante a gestação, não é mesmo? Pois é, trata-se do famoso desejo de grávida. O fenômeno é responsável por gerar vontade em comidas estranhas e muitas vezes engraçadas.
Pesquisas mostram que dois terços das mulheres apresentam a vontade excessiva e incomum em determinados alimentos. Porém, muita gente ainda tem dúvida sobre o tema: é uma manifestação normal, perigosa ou não passa de mito?
A influenciadora Rafaela Lamastra, por exemplo, relatou um desejo insaciável por palmito e alimentos crocantes como granola, batata frita e chips. “Foi uma fase em que eu me permiti viver cada desejo, desde o palmito até uma boa porção de batata frita. Essas vontades eram intensas e, de certa forma, divertidas”.
Maternidade: como lidar com as mudanças do corpo na gestação
O desejo de grávida
Para entender, AnaMaria conversou com o ginecologista César Patez, que destrinchou os desejos alimentares das gestantes. De acordo com o especialista, é fato! O desejo de grávida é um fenômeno comum e comprovado cientificamente.
E a explicação não passa pelo puro capricho feminino, como algumas pessoas acreditam. Porém, ainda não há uma elucidação unânime entre os especialistas. Uma coisa é fato: está ligado às múltiplas transformações pelo qual o corpo da mulher passa durante a formação do feto.
Normalmente, as alterações no paladar estão relacionadas às flutuações hormonais que ocorrem durante a gravidez: “Esses hormônios podem alterar o olfato e o paladar, fazendo com que certos alimentos pareçam mais atraentes”. Ou seja, o desejo também pode afetar alimentos que antes não gostava.
“Não há problema em se aventurar por alimentos novos, porém tudo deve ser feito com equilíbrio e responsabilidade. Segundo o ginecologista, o fenômeno pode surgir a qualquer momento da gestação, mas são mais comuns durante o primeiro e o segundo trimestres.
5 dicas para preservar a saúde mental na gestação e puerpério
Outra explicação adotada – esta, não comprovada cientificamente, é a possível deficiência de alguns nutrientes. Na teoria, o desejo exagerado de comer carne poderia significar a carência de proteína, por exemplo. Ou a vontade de comer alimentos bem salgados para suprir a necessidade de sódio.
Além disso, pode ser um possível sinal de que o corpo está se preparando para lidar com alguns sintomas da gravidez. No caso de enjoo, que pode ser aliviado com frutas cítricas, a grávida pode sentir desejo excessivo de abacaxi, laranja ou outras frutas do tipo.
Desejo de grávida pode ser perigoso?
Muitas vezes, as combinações inusitadas escolhidas pelas gestantes são motivos de risadas. Porém, em alguns casos, pode passar a ser preocupante. Isso porque determinados alimentos, quando consumidos em excesso, podem ser prejudiciais à saúde da mamãe e também do bebê.
Por isso, as gestantes devem ter muito cuidado com o desejo de grávida que envolve pratos muito gordurosos ou doces. Patez explica que entre os alimentos a serem evitados, estão os com alto teor de cafeína, açúcar, sal e gordura devem ser sempre evitados. “Além, é claro do álcool, que durante a gestação é proibido. Ele pode causar danos cerebrais e outros problemas de desenvolvimento do feto”.
Um fenômeno ainda mais prejudicial – e também comum durante a gestação, é a Síndrome de Pica. O transtorno alimentar faz com que a pessoa sinta desejo em coisas que não são alimentos, como terra, telha, papel, barro, lascas de tinta e outros.
O ginecologista ressalta: “Quando a gestante tem desejos por coisas não comestíveis, como tijolos ou terra, pode ser um sinal de deficiências nutricionais que precisam ser investigadas. É importante que as gestantes consultem seus médicos para garantir que estão recebendo todos os nutrientes necessários.”
Pode negar desejo de grávida?
Um mito antigo dizia que, caso o desejo de grávida não fosse atendido, o bebê nasceria parecido com o alimento. Obviamente, a afirmação não faz sentido do ponto de vista médico: “Não tem como um bebê nascer com as feições de um alimento que a mãe quis durante a gestação”, reforça César.
Ou seja, alguns desejos podem ser negados sem nenhuma consequência para a saúde ou aparência do bebê. Ou seja, sentiu vontade de comer algo não comestível ou que fará mal à saúde? Não coma. E é nesse ponto que a rede de apoio da mamãe se faz ainda mais importante.
É papel do companheiro – e também dos demais familiares – ajudar a gestante a controlar seus impulsos alimentares. Ao mesmo tempo que pode ser importante ajudá-la a satisfazer suas vontades, com uma melancia durante a madrugada, é essencial negar pedidos prejudiciais, como a ingestão de terra ou porções enormes de batata frita, por exemplo.
“Tudo isso em prol da saúde da mãe e de seu filho”, explica o ginecologista, que reforça a importância da gestante seguir uma dieta saudável, e de preferência com acompanhamento nutricional: “Esse é um momento muito importante, pois tudo que está ocorrendo no organismo da mãe vai interferir na saúde do filho, por isso uma alimentação saudável é tão importante e deve ser levada muito a sério para evitar
problemas maiores no futuro”.
Leia também:
Diabetes gestacional: por que ocorre e como evitar complicações
10 cuidados com o consumo de sal e açúcar