O ditado popular bem diz: “de médico e louco, todos temos um pouco” e essa frase resume bem o que elas representam em nossas vidas: as mães. Afinal, quem nunca correu de um chinelo lançado ou riu dos gritos daquela “mãe doida“? Fato é que elas são loucas e parecem estar enlouquecidas diariamente, pelos filhos! O mundo não seria mundo se não existissem as nossas matriarcas, por isso, Ana Maria Digital selecionou histórias que vão te emocionar, parar e refletir.
Por falar em parar, Priscila Baldez é um exemplo de mulher que não reconhece esse verbo. A advogada que trocou o corporativo pelo empreendedorismo é mãe de dois e aos 37 anos, revela que quer mais filhos. Eduardo de 7 e Arthur de 4 são os príncipes da casa e ela se diz apaixonada por ser mãe de meninos. “Da maternidade só condeno o pensamento retrógrado de que quando você é mãe tem que abandonar a si própria. Não! Ser mãe nos faz uma transformação benéfica porque aprendemos o verdadeiro significado de amar o outro, porém é preciso entender de uma vez por todas que a Mulher Maravilha só existe na ficção”, reforça.
Como palestrante e coach, Priscila ainda deixa uma mensagem importante: “É claro que é difícil equilibrar todas as responsabilidades que temos, mas o segredo está em respeitar-se. Descobri que eu tenho que me priorizar todos os dias e ter um momento só meu, de pelo menos uma hora para a prática de alguma atividade física ou algo que eu goste e que me fortaleça física e mentalmente. De resto, aprendi que sou perfeita nas minhas imperfeições, assim como todas as mulheres maravilhosas desse mundo”.
A mãe que ajuda inúmeras mães conta o que sente
Em busca de entrevistadas diferenciadas, a reportagem não poderia deixar de lado uma mãe que ajuda inúmeras outras, no momento mais importante de suas vidas. A Dra. Ana Paula Mondragón já perdeu a conta de quantos bebês trouxe ao mundo, já que, em sua carreira como ginecologista e obstetra, auxilia mulheres ao realizar os partos. Aos 41 anos de idade, mãe de Isabella de 7 diz que se sente abençoada todos os dias. “Hoje como mãe, o vínculo com as pacientes é ainda mais especial, porque eu sei exatamente o que elas estão sentindo e isso me faz gerar mais empatia e uma conexão única”.
Para a médica, o maior perrengue passado pelas mães diz respeito ao puerpério e a amamentação. “Estas são sem dúvida as fases mais difíceis da mulher e também as menos compreendidas. Sem contar que me pego lembrando o quanto minha mãe tinha razão quando dizia que eu só ia entender, o dia em que fosse mãe, ri. E complementa: “A maternidade me ensinou que ninguém é perfeito e que a gente erra tentando acertar porque tentamos fazer o melhor todos os dias. Nem sempre conseguimos e, no fundo, está tudo bem”, fala Mondragón.
Da conciliadora federal à cabeleireira que levou um susto
Ciça Silvestre, hoje cabeleireira que reside em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, tem uma história sobre sua gestação que é digna de cinema. “Casei aos 22 anos e tentamos ter um filho durante os primeiros cinco anos do casamento, sem sucesso. Ao procurar ajuda médica, os profissionais de saúde me disseram que não conseguiria gestar porque tinha um mioma. Conversei com meu marido e decidimos seguir a vida, mesmo tristes com o diagnóstico”, revela a também empresária.
Em uma das viagens para Maceió, sua terra natal, 20 anos depois, a conciliadora federal adotou uma cachorra e trouxe a pet para São Paulo. Dizem que quando você pratica a adoção tem a bênção atendida, aliás, diversas mães que não podiam engravidar relatam gravidezes inexplicáveis após tal ato de amor. Isso aconteceu com Ciça. “Quando cheguei em São Paulo passei por vários médicos porque tinha um mal estar e o exame de sangue havia dado negativo para gestação. Disseram que era menopausa, depois outro médico queria fazer endoscopia, até que uma doutora teve empatia e sugeriu um ultrassom porque na hora eu tiraria a dúvida sobre a gravidez, de uma vez por todas. Já no início do exame ela disse: vamos ter que parar por aqui, eu perguntei por que e ela respondeu porque você está grávida e eu não sou obstetra. Preciso acionar uma colega e assim, no susto, descobrimos o milagre em nossas vidas que hoje acaba de completar dois aninhos de vida e se chama Heitor. Com ele, aprendi a ter paciência e dar importância às pequenas coisas da vida. O sorriso e alegria dele não tem preço e minha vida mudou para sempre”.
Quando cuidar é legado: a trajetória da mãe madura
Quem vê a Dra. Ana Luisa Vilela ao lado da pequena Aurora de quase dois anos e Joaquim, de 13, não imagina que ali, tem muita superação para contar. A médica nutróloga que quase morreu após fazer uma cirurgia para emagrecer, sobreviveu e entendeu que seu legado era cuidar de gente. “Fiquei em coma e fui até desacreditada, então lutei, venci e encarei o desafio de emagrecer na marra para provar aos meus pacientes que era possível. Após vivenciar essa experiência, descobri que meu propósito era cuidar, e me especializei em emagrecimento e longevidade”, conta emocionada.
Como se já não bastasse a luta para viver, as tentativas da segunda gestação também foram árduas e penosas, muitas vezes culminando em perdas infelizmente. Mas aos 45 anos já quase no segundo tempo do jogo, ela se descobriu gestante da caçula que, hoje, ilumina ainda mais os seus dias. “É engraçado porque a primeira gravidez eu passei bem, mas devido aos traumas que tive até conceber a Aurora, mesmo com toda experiência na área de saúde e todos os cuidados, eu tive medos e incertezas. Hoje, ao olhar os dois, entendo que são almas que me escolheram para ajuda-los e apoiá-los em suas evoluções e isso é um presente enorme”.
Ao perceber em consultório e nas vivências pessoais os desafios da maternidade, Ana é incisiva: “Não há certo ou errado em criar filhos. Há o que devemos fazer para mantê-los em segurança e amor sem comprometer sua visão do próximo e distanciamento do mundo. Meus filhos são privilegiados e devem saber ter e exercer gratidão. Eles devem ser boas pessoas para o mundo. Se conseguir isso, terei sido uma boa mãe e ponto”, finaliza.
A mãe postiça que habita em todas nós e é exemplo
De todas as histórias que ouvi durante essa reportagem, uma das que mais me encantou foi a da Magaly Quedas, diretora financeira de 66 anos que reside na zona leste da capital paulista. Por conhecê-la há alguns anos como exímia profissional, percebi o carinho e cuidado que ela tem com os colaboradores ao administrar suas tarefas no trabalho e questionei de onde vinha esse amor materno que ela tanto exerce diariamente. “Sou mãe postiça porque minha irmã sempre incentivou meus sobrinhos a me tratar como mãe deles. Meus netos me chamam de vovó e eu movo montanhas por minha família. A melhor parte de tudo isso é presenciar e sentir o amor, pois vivencio o carinho dos meus filhos postiços com a mesma intensidade da mãe verdadeira”, diz, com lágrimas nos olhos.
Magaly teve que deixar de lado o sonho de gestar porque o marido era 24 anos mais velho que ela e, na época, eles optaram por não ter filhos. “Sou uma mulher sem maternidade no decorrer da vida, porém com a dádiva de ter uma irmã maravilhosa que dividiu tão bem seus filhos, como se fossem meus também. O lado bom da avó postiça é ter liberdade de fazer loucura com os netos. Com eles e por eles aprendi que o amor supera tudo, inclusive, no ambiente profissional, como você questionou. Costumo sempre dizer que os mais próximos dentro do trabalho são os que levam mais broncas, porque quero que eles cresçam, sempre sendo o mais justa possível”, sentencia.
