Uma nova tendência de relacionamento tem ganhado espaço entre casais que optam por relações abertas: o DADT. A sigla, que vem do inglês “don’t ask, don’t tell”, significa, na tradução literal “não pergunte, não conte”. A prática propõe que os parceiros não compartilhem nem questionem o que acontece fora da relação principal.
Segundo o psicólogo Alexander Bez, o diferencial do DADT está na “omissão consciente”. Ele explica que se trata de um acordo onde nenhum dos envolvidos deve contar ou perguntar sobre eventuais envolvimentos extraconjugais.
De política militar ao universo amoroso
O termo DADT surgiu originalmente no exército dos Estados Unidos, quando soldados LGBTQIAPN+ eram proibidos de revelar sua orientação sexual. Com o tempo, o conceito foi ressignificado nas relações afetivas.
Hoje, a prática é usada por casais que escolhem não dividir certos detalhes para evitar conflitos. Dr. Bez diz que a ideia é preservar o relacionamento principal, mesmo que existam outras experiências sexuais ou afetivas paralelas.
O que leva casais a adotar o DADT?
O especialista aponta que muitos casamentos são firmados por motivações sociais, religiosas ou familiares, e nem sempre por uma paixão intensa. Isso pode abrir espaço para práticas que buscam suprir lacunas emocionais.
“Quando a relação é construída pela carência da paixão, surgem práticas alternativas para tentar preencher lacunas emocionais e sexuais”, afirma o psicólogo, ao explicar o contexto em que o DADT pode surgir.
Tendência de relacionamento ou mecanismo de defesa?
Apesar de não julgar a prática como certa ou errada, Bez avalia que o DADT nasce de uma combinação entre carências e desejos. A omissão funciona como uma forma de manter a relação sem rupturas.
Medo de separação, insegurança, necessidade de conforto e carência afetiva são alguns dos fatores emocionais que sustentam esse tipo de acordo. Para o especialista, a omissão pode parecer funcional nesse contexto.
Ainda assim, ele classifica o DADT como uma condição neurótica. “A omissão é naturalizada, tanto no ato de não contar quanto no ato de não perguntar”, conclui.
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