Muito além de falar em dois idiomas, o bilinguismo na infância tem efeitos profundos no desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças. Estudos apontam que crianças bilíngues apresentam maior agilidade mental, criatividade, foco e até rendimento escolar superior em áreas como leitura e matemática.
“É na infância que o cérebro está mais apto a aprender. Quando estimulamos o contato com dois idiomas desde cedo, ativamos áreas fundamentais, como as ligadas à tomada de decisão, atenção e solução de problemas”, explica a pedagoga Mariana Ruske, fundadora da Senses Montessori School.
Bilinguismo na primeira infância
De acordo com pesquisas da University of Washington, bebês bilíngues de apenas 11 meses já apresentam maior atividade no córtex pré-frontal, região responsável pelo controle da atenção. Isso significa que, mesmo antes de começarem a falar, essas crianças já treinam o cérebro para alternar entre contextos e linguagens.
Essa alternância frequente fortalece a chamada massa cinzenta. “O cérebro bilíngue precisa ativar e inibir informações constantemente. Isso exige foco e organização de ideias, o que se reflete em uma capacidade superior de raciocínio”, comenta Mariana.
Um estudo da Universidade de Stirling, na Escócia, por exemplo, mostrou que crianças bilíngues tiveram desempenho significativamente melhor em cálculos e testes de criatividade.
Aprender um segundo idioma pode causar atraso no desenvolvimento da língua materna?
Apesar dos benefícios comprovados, ainda há receios por parte de algumas famílias, como confusão entre línguas ou atraso na fala. Mariana esclarece que essas dúvidas são comuns, mas infundadas. “Crianças bilíngues atingem os mesmos marcos de linguagem dos monolíngues. E com um diferencial: desenvolvem uma consciência mais profunda da linguagem, o que facilita inclusive o aprendizado de uma terceira língua no futuro.”
A pedagogia Montessori, que propõe ambientes preparados para a autonomia da criança, é uma grande aliada nesse processo. “O aprendizado acontece de forma natural, leve e significativa quando o bilinguismo é inserido em contextos lúdicos do dia a dia, e não apenas em aulas formais”, explica.
Além de favorecer uma fluência mais espontânea, sem necessidade de “traduzir mentalmente”, o bilinguismo precoce também fortalece a autoestima e a socialização. “Aprender um segundo idioma desde cedo é um presente para o cérebro, para o futuro e para a confiança da criança. E quanto mais cedo esse contato começa, mais duradouro e natural ele se torna”, conclui Mariana Ruske.
Resumo:
Estudos mostram que o bilinguismo precoce melhora o foco, a criatividade, o raciocínio lógico e o desempenho escolar das crianças. A pedagoga Mariana Ruske explica como o contato com dois idiomas na infância beneficia o desenvolvimento cognitivo e emocional.
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