A atriz Mariana Rios usou as redes sociais para desabafar sobre sua jornada para tentar engravidar. Em vídeos emocionantes, ela relatou as tentativas frustradas e o impacto emocional que esse processo pode causar. O depoimento da atriz trouxe visibilidade a um tema ainda pouco falado: os desafios psicológicos enfrentados por mulheres tentantes.
Segundo a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do Instituto MaterOnline, o processo de tentativa de gravidez, especialmente quando envolve técnicas de reprodução assistida, pode provocar ansiedade elevada, estresse crônico e até episódios de depressão.
“É muito comum que mulheres que passam por fertilização in vitro várias vezes sem sucesso apresentem alterações emocionais importantes. E, se houver histórico de transtornos mentais, esses quadros podem voltar a se manifestar”, explica a especialista.
A carga simbólica da maternidade
Além do desgaste físico e emocional, o processo costuma vir acompanhado de uma carga simbólica intensa. “Muitas mulheres sentem culpa ou inadequação por não conseguirem engravidar. Como se fossem uma árvore que não dá frutos. É um sentimento de falha que, na verdade, é alimentado por expectativas sociais irreais sobre o que é ser mulher”, diz Rafaela.
A psicóloga lembra que esse sofrimento não deve ser minimizado ou ignorado – e que sinais de sofrimento emocional devem ser levados a sério.
Quando procurar ajuda psicológica?
Alguns sintomas são considerados sinais de alerta e indicam a necessidade de acompanhamento profissional:
- Tristeza persistente ou choro frequente;
- Sentimento de culpa ou fracasso;
- Isolamento social ou afastamento de vínculos;
- Ansiedade elevada ou irritabilidade constante;
- Dificuldade para dormir ou excesso de sono;
- Falta de prazer em atividades que antes traziam alegria.
Nesses casos, Rafaela recomenda buscar psicoterapia com psicólogos perinatais que também tenham experiência em reprodução humana assistida. “Esse olhar especializado é importante para garantir um acolhimento adequado e respeitoso”, reforça.
Como preservar a saúde mental durante o processo de tentativa?
Reconheça seus sentimentos
É natural sentir tristeza, frustração ou raiva. Validar essas emoções é o primeiro passo para lidar com elas com mais gentileza e clareza.
Estabeleça limites
Comentários ou perguntas invasivas podem ser dolorosos. Prepare respostas curtas e assertivas, ou mude de assunto, se preferir. Sua saúde emocional vem em primeiro lugar.
Valorize seu próprio ritmo
Evite comparações. Cada trajetória é única. Não existe tempo certo para ser mãe – existe o tempo que faz sentido para você.
Procure redes de apoio
Grupos de tentantes ou conversas com outras mulheres na mesma situação podem trazer alívio e acolhimento. Compartilhar vivências reduz o peso emocional.
Busque acolhimento psicológico especializado
O apoio terapêutico é essencial para lidar com a pressão emocional e social. Desde 2023, a Lei 14.721 garante acesso ao atendimento psicológico gratuito pelo SUS durante a gestação, parto e pós-parto. Converse com seu médico e procure profissionais especializados.
Leia também:
É verdade que estresse na gravidez pode afetar o bebê?
Queda no cabelo na gravidez é normal?