O botox estético é um dos procedimentos mais populares para suavizar rugas e linhas de expressão. Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), foram 9,2 milhões de aplicações em todo o mundo em 2022. Só no Brasil, esse número passou de 433 mil, representando quase metade dos tratamentos não cirúrgicos.
No entanto, tamanha adesão preocupa os especialistas. Um estudo da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, publicado nos Anais Brasileiros de Dermatologia, concluiu que o uso estético da toxina botulínica não deve ser considerado minimamente invasivo.
A dermatologista Samira Yarak, professora da Unifesp e coordenadora da pesquisa, explica que essa classificação pode gerar uma falsa sensação de segurança nos pacientes. “Isso pode levar os pacientes à falsa impressão da inexistência de efeitos colaterais, o que não é verdade”, alerta.
Para ela, a popularização do procedimento e a falta de diretrizes com base em evidências têm transformado as complicações em um problema de saúde pública. A especialista defende que a notificação obrigatória dos casos pode melhorar a prevenção e qualificar o debate sobre produtos, técnicas e formação dos profissionais.
A dermatologista Mariana Fernandes de Oliveira, do Hospital Israelita Albert Einstein, concorda. Segundo ela, o aumento no número de aplicações, feito muitas vezes por profissionais sem especialização adequada, eleva também a quantidade de complicações.
Botox estético pode causar queda da pálpebra e até infecção
Entre os efeitos colaterais mais comuns estão hematomas, inchaço e dor no local da aplicação. Porém, também podem ocorrer complicações como ptose palpebral (queda da pálpebra superior), assimetria facial, visão dupla, dificuldade de fechar os olhos e infecções.
Outros sintomas possíveis incluem dor de cabeça, náuseas e reações alérgicas — inclusive anafilaxia, em casos mais graves. Esses efeitos podem estar ligados ao uso de produtos sem registro na Anvisa, diluições erradas ou falta de preparo do profissional.
A cirurgiã plástica Alessandra dos Santos Silva, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, destaca que cada paciente deve passar por uma avaliação personalizada. É preciso levar em conta o histórico médico, as expectativas e o estado de saúde atual.
Ela também reforça que o procedimento deve ser realizado em ambiente clínico, com instrumentos esterilizados e condições seguras. “A escolha do local e do profissional é fundamental para garantir bons resultados e evitar riscos”, aponta.
Veja quando o procedimento é contraindicado
O uso da toxina botulínica é contraindicado para pessoas com doenças autoimunes, inflamações ativas, alergia a componentes do produto, distúrbios de coagulação, doenças neuromusculares, gestantes e lactantes.
No Brasil, o botox pode ser aplicado por médicos, dentistas, enfermeiros, biomédicos e farmacêuticos. Ainda assim, é essencial verificar se o profissional possui formação específica na área.
“É essencial que ele tenha conhecimento profundo da anatomia facial, técnicas de antissepsia, princípios farmacológicos da toxina botulínica e interações com medicamentos e doenças”, reforça Samira Yarak.
Durante a consulta, também é importante observar como o especialista propõe o tratamento. “Sugiro sempre procurar referências do trabalho e avaliar as propostas de abordagem, a fim de garantir resultados seguros, realistas e naturais”, orienta a médica do Einstein.
Publicado originalmente em Estadão Conteúdo. Clique aqui para ler na íntegra.
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