A inclusão dos idosos no ambiente online é um avanço, mas também aumenta os riscos de exposição a golpes digitais, como fraudes financeiras, roubo de dados e outras ameaças virtuais. Com menos familiaridade com a tecnologia, muitos se tornam alvos fáceis desses crimes.
O analista de sistemas e especialista em segurança cibernética Maurício Estewans explica que a dificuldade em reconhecer mensagens falsas e a tendência de confiar demais são fatores que aumentam a vulnerabilidade dessa faixa etária. Ele também aponta o isolamento social como um facilitador para a ação dos golpistas.
“Esses criminosos se passam por instituições ou até familiares para conquistar a confiança das vítimas”, afirma Estewans.
Golpes digitais mais comuns entre idosos
Um dos golpes mais recorrentes é o phishing – mensagens que simulam ser de bancos, loterias ou órgãos públicos e pedem informações pessoais. Os criminosos usam e-mails, SMS, WhatsApp ou até grupos em redes sociais para aplicar esse tipo de fraude.
Segundo o engenheiro da computação Patrick Monteiro, outra prática comum é a de falsos técnicos de informática. Eles entram em contato por telefone ou exibem pop-ups na tela alegando infecções no computador para vender serviços desnecessários ou instalar programas maliciosos.
Monteiro também alerta para os chamados “golpes românticos”, em que golpistas criam perfis falsos em redes sociais e aplicativos de relacionamento, conquistam a confiança da vítima e, em seguida, pedem dinheiro.
Como orientar e proteger os idosos
Para reduzir os riscos, Estewans e Monteiro recomendam ensinar os idosos sobre os golpes mais frequentes e fazer ajustes simples nos aparelhos usados. Mostrar exemplos reais de e-mails ou mensagens falsas pode facilitar o entendimento.
Senhas fortes devem ser criadas, evitando datas fáceis de lembrar. Aplicativos como Bitwarden ou Keeper ajudam a armazenar essas senhas com segurança. Outra medida importante é ativar a autenticação em duas etapas, preferencialmente via SMS ou aplicativos simples como o Authy.
Antivírus gratuitos, como o Windows Defender, ou pagos, como o McAfee, também são importantes. Além disso, bloqueadores de anúncios como o uBlock Origin ajudam a evitar janelas enganosas que instalam programas maliciosos.
Privacidade e atenção com transações financeiras
É fundamental ajustar a privacidade nas redes sociais e alertar sobre o risco de compartilhar dados como endereço ou informações bancárias. Também vale configurar alertas por SMS no banco e revisar os extratos com frequência junto ao idoso.
Manter o sistema do celular ou computador atualizado e excluir aplicativos sem uso é mais uma forma de garantir a segurança. Atualizações automáticas devem ser ativadas sempre que possível.
O que fazer se o golpe acontecer
Caso o idoso caia em algum golpe, Estewans orienta que o primeiro passo é manter a calma e desconectar o aparelho da internet. Em seguida, é preciso trocar todas as senhas e registrar a denúncia em um boletim de ocorrência online e em plataformas como Reclame Aqui ou Procon.
“Para ajudar os idosos a entenderem os riscos, use comparações simples, como a de que clicar em links desconhecidos é como abrir a porta para um estranho”, sugere Estewans. Ele recomenda o uso de senhas em formato de frases e, se necessário, anotar em um caderno guardado com segurança.
No caso do WhatsApp, ele considera o aplicativo seguro, mas aconselha a desativar o “visto por último” e “online”, além de bloquear mensagens suspeitas de números desconhecidos.
“Proteger os idosos no mundo digital requer paciência, educação contínua e o uso de ferramentas adaptadas às suas necessidades”, afirma o especialista. Ele ainda recomenda buscar cursos de inclusão digital e manter contatos de emergência visíveis.
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