Quem frequenta supermercados em São Paulo tem notado uma mudança inesperada: agora, alguns itens básicos do dia a dia, como café, estão sendo protegidos por grades, lacres e etiquetas antifurto. O motivo? O avanço contínuo no preço do café, que acumula alta de 77,78% nos últimos 12 meses, conforme dados do IBGE.
Só entre fevereiro e março deste ano, o aumento foi de 8%. Como resultado, o produto passou a ser tratado como item de “alto valor agregado” e, por isso, tem recebido a mesma proteção de produtos como picanha, bebidas alcoólicas e azeite.
Preço do café pesa no bolso e muda comportamento do consumidor
Além dos sistemas de segurança, o impacto da inflação sobre o preço do café também mudou o comportamento das famílias. Segundo o Datafolha, quase metade dos brasileiros já reduziu o consumo da bebida, que tradicionalmente faz parte da rotina nacional.
Outro reflexo está na cadeia de abastecimento. Algumas marcas enfrentaram episódios de roubo tão intensos que chegaram a suspender o fornecimento para determinados pontos de venda.
Entenda os motivos por trás da alta do café
A escalada no preço do café não é por acaso. Diversos fatores têm pressionado o mercado. Em primeiro lugar, há a redução da oferta global — especialmente no Brasil e no Vietnã — causada por condições climáticas desfavoráveis. Além disso, a alta do dólar e as movimentações nas bolsas internacionais têm influenciado os valores da saca, que chegou a ser cotada em US$ 582, a mais alta desde 1977.
Apesar de o café robusta, mais simples, apresentar crescimento de produção, o café arábica — considerado mais nobre — terá queda de 13% nesta safra, segundo o Cecafé. Assim, o volume total colhido será menor que o do ano passado. A previsão é de que essa situação continue até pelo menos 2026, o que torna improvável uma queda significativa nos preços nos próximos meses.
Supermercados tentam equilibrar a balança entre perdas e fidelização
Mesmo com a valorização acentuada do produto, especialistas afirmam que parte desse aumento ainda não chegou totalmente ao consumidor. Isso acontece porque muitos lojistas preferem absorver parte da alta para não perder clientes. No entanto, essa margem está se estreitando, e, portanto, é provável que o consumidor sinta ainda mais o peso do aumento do café nas próximas idas ao mercado.
Enquanto isso, outras medidas vêm sendo adotadas para reduzir perdas e garantir a segurança dos produtos nas gôndolas. Além do café, azeites, cremes de avelã, picanhas e bebidas importadas também estão na mira dos furtos e seguem sendo protegidos com reforço especial em diversos estabelecimentos.
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