Sarah Raissa Pereira de Castro, de 8 anos, morreu depois de inalar desodorante aerosol no Distrito Federal. O caso, que aconteceu na semana passada, está sob investigação e o inquérito tentar identificar os responsáveis pela publicação do “desafio do desodorante“, que faz parte da onda dos desafios onlines que circulam as redes sociais.
A menina foi encontrada desacordada pelo avô em casa, ao lado de um celular e de um frasco de desodorante aerossol. A almofada próxima estava encharcada com o produto. Segundo a família, o celular de Sarah continha um vídeo que incentivava o desafio do desodorante. Ela foi levada com vida ao hospital, mas teve morte cerebral e faleceu três dias depois, no domingo (13).
Desafio do desodorante: investigação responsabiliza autores
O pai da criança, Cássio Maurílio, desabafou no hospital durante a internação da filha, atribuindo a tragédia ao desafio do desodorante. No vídeo, ele aparece segurando o frasco e diz: “Foi esse demônio aqui. Desafio da internet. Esse demônio aqui. Minha princesa tá nessa situação.”
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) confirmou a causa da morte e está sendo analisado pela Polícia Civil do Distrito Federal. O objetivo é entender se a inalação do produto foi, de fato, motivada pelo vídeo encontrado no celular.
O celular da menina foi apreendido e encaminhado para perícia, e o laudo deve ficar pronto em até 30 dias. Com isso, a polícia pretende identificar quem criou e compartilhou o conteúdo relacionado ao desafio do desodorante. De acordo com o delegado Walber Lima, da 15ª Delegacia de Polícia, os responsáveis podem ser acusados de homicídio duplamente qualificado, cuja pena pode chegar a 30 anos de prisão.
Como proteger crianças de desafios online
Durante o sepultamento de Sarah, os pais fizeram um apelo para que outras famílias fiquem atentas ao conteúdo acessado por seus filhos. “A internet matou minha filha”, disse a mãe.
O pai também questionou a falta de filtros nas plataformas que permitem acesso fácil a vídeos perigosos. A Escola Classe 6 de Ceilândia, onde Sarah estudava, decretou luto e afirmou que usará o episódio para promover conversas sobre o uso seguro da internet.
Segundo dados do Instituto Dimicuida, 56 crianças e adolescentes morreram ou ficaram gravemente feridos nos últimos 11 anos ao participar de desafios online. Para Luiza Dias, diretora-presidente da GlobalSign Brasil, é fundamental orientar os jovens sobre segurança digital e limitar o tempo de exposição às telas.
Ela reforça que, além de controlar o conteúdo, é preciso criar consciência sobre o uso adequado da internet, especialmente em ambientes como a escola, onde o aparelho pode afetar o aprendizado e o desenvolvimento social.
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