O boletim escolar dos filhos é uma parte importante da rotina dos alunos e dos responsáveis que desejam acompanhar o progresso acadêmico das crianças. No entanto, a avaliação dos boletins não se resume apenas a checar as notas, mas representa uma oportunidade para que os pais entendam o desenvolvimento da criança e o fator emocional, de modo a traçar estratégias para atingir resultados melhores quando necessário.
AnaMaria conversou com Vanessa Codecco, head pedagógica da Rhyzos Educação, empresa detentora do sistema bilíngue Twice, que detalhou as nuances do indicativo avaliativo, a fim de orientar pais e cuidadores sobre a postura ideal na hora de avaliar o boletim escolar dos filhos.
Muitas vezes os resultados não são como os esperados pelos pais e saber lidar com isso é fundamental para incentivar o filho: “Quando falamos do desenvolvimento da criança dentro da escola, precisamos entender as particularidades de cada um e identificar onde existem mais dificuldades. Um aluno pode ser muito bom em matemática, mas enfrentar grandes desafios em geografia, por exemplo, e isso pode ser normal. São pontos que podem ser ajustados e que reforçam como cada criança é única”.
Boletim escolar dos filhos: alinhando as expectativas
Antes de partirmos para a parte prática sobre analisar o boletim escolar dos filhos, precisamos dar um passo importante: alinhar as expectativas em relação ao desempenho escolar das crianças. Segundo a pedagoga, é indispensável que os pais tenham clareza de que nem sempre as notas serão as mais altas, e isso não significa que as crianças não estejam aprendendo.
“Os pais precisam aprender a interpretar as notas, sendo empáticos, procurando entender quais desafios seus filhos podem estar enfrentando, para descobrirem juntos como buscar apoio pedagógico”, pontua Vanessa. Ao conversar com a criança sobre o boletim, é preciso adotar uma abordagem positiva, valorizando as conquistas e o progresso alcançado em comparação com o boletim anterior. Jamais compare as notas de seu filho com os colegas de sala — ou membros da família.
É preciso ter em mente que a aprendizagem é um processo contínuo, e não devemos nos concentrar apenas em um resultado final. Palavras de encorajamento são essenciais neste processo: devemos fazer com que a criança entenda que, se não foi tão bem neste bimestre, será posteriormente se receber o apoio necessário.
Vanessa acredita que algumas orientações podem ajudar os pais no processo de receber o boletim escolar dos filhos e lidar com os tópicos que necessitam de mais atenção:
Analise as notas de forma holística: não se concentre apenas nas notas finais, observe também as notas ao longo do período. Se uma nota específica parece baixa, investigue o motivo e identifique áreas de melhoria.
Considere o progresso individual: avalie o progresso do seu filho ao longo do ano. Concentre-se em como ele evoluiu em relação às metas estabelecidas.
Observe os comentários do professor: preste atenção aos comentários escrito pelos professores. Eles oferecem insights valiosos sobre o desempenho acadêmico e comportamental do seu filho.
Identifique pontos fortes e fracos: reconheça áreas onde seu filho se destaca e onde precisa de mais apoio. Use essa informação para orientar as atividades de aprendizado durante as férias. Lembre-se de comemorar e parabenizar os resultados positivos.
Converse com seu filho: ter uma conversa aberta sobre o boletim pode ser um momento para incentivá-lo e compartilhar suas próprias percepções sobre seu desempenho. Discuta metas para o próximo período.
Estabeleça metas realistas: defina metas realistas para o próximo período, com base nos resultados do boletim. Certifique-se de envolver seu filho nesse processo para que ele também perceba a evolução.
Além das notas
O boletim escolar dos filhos reflete o desenvolvimento das habilidades socioemocionais. Nesse sentido, devemos levar isso em consideração, observando a criança na totalidade e em diferentes contextos. Em outras palavras, é preciso observar o comportamento do pequeno em variadas situações, não apenas na escola, mas também em casa, com amigos e familiares.
“Para que isso seja possível, o ideal é que a escola forneça um boletim amplo e não somente focado em notas. Porém, caso esse seja o tipo de boletim emitido pela escola da criança, solicite uma oportunidade para conversar com a professora regente (no caso da educação infantil) ou os professores das disciplinas que julgar importante para entender como está esse desenvolvimento mais holístico”, orienta Vanessa.
A pedagoga detalha que a avaliação integral inclui diferentes habilidades, como, por exemplo: colaboração, comunicação, empatia, resolução de conflitos, autocontrole, perseverança, entre outras. Os professores podem fornecer uma avaliação descritiva ou pontuações que refletem o progresso do aluno nessas áreas ao longo do período. “Essa avaliação qualitativa pode fornecer insights adicionais sobre suas habilidades socioemocionais da criança”, acrescenta Vanessa.
Além disso, o contexto deve ser avaliado: observe se está acontecendo algo na vida pessoal do aluno que possa estar influenciando seu desenvolvimento escolar, como divórcio dos pais ou mudança de residência. Se houver uma queda repentina no desempenho, siga uma investigação mais profunda. Em alguns casos mais complexos, é necessário consultar um psicólogo ou um profissional para exames clínicos.
“De toda forma, essa questão é sensível e precisa ser vista com sensibilidade e sem tirar conclusões precipitadas. Como cada aluno é único, eles enfrentam situações e desafios diferentes, com diferentes competências para lidar com eles. Ao considerar múltiplos fatores e buscar informações de várias fontes, os pais terão melhores condições de entender e lidar com as necessidades individuais”, finaliza a pedagoga.
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