A sexualidade é parte essencial da existência humana. Contudo, existem mitos sobre sexo e mal-entendidos que atrapalham — e muito — as relações íntimas de diversas pessoas. O sexo, quando consentido e seguro, traz inúmeros benefícios: a atividade sexual é responsável por liberar hormônios ligados ao bem-estar.
A ocitocina, apelidada de ‘hormônio do amor’, promove sensação de confiança, empatia, memórias positivas e estimula as conexões afetivas. A serotonina é um neurotransmissor conhecido pela sua relação com a percepção de bem-estar, enquanto a dopamina está relacionada ao relaxamento.
6 mitos sobre sexo — e uma verdade
Para esclarecer de uma vez por todas os principais mitos sobre o sexo, AnaMaria conversou com Ruth Vieira, terapeuta e sexóloga especialista em aconselhamento para esposas e atendimento a casais. Confira a seguir!
Homens são mais dispostos a fazer sexo
A disponibilidade para relações sexuais é particular, mas não diz respeito ao gênero. “Algumas mulheres, inclusive, mostram-se mais dispostas ao sexo em comparação com homens. Isso diz muito a respeito da mente, como a pessoa enxerga o sexo e sobre as crenças e ensinamentos pessoais de cada indivíduo sobre a sexualidade”, explica a sexóloga.
“Têm mulheres que adoram fazer sexo e homens que não têm tanta disposição. Já algumas mulheres não suportam relações sexuais e veem como uma obrigação conjugal, mas essa é uma questão de educação sexual precária, que pode ser atribuída aos tabus em torno do tema”, acrescenta.
Dor durante a penetração é normal
Apesar de ser uma queixa comum entre mulheres, a dor durante a penetração não é normal e deve ser avaliada individualmente. As causas mais comuns de dor durante as relações sexuais é a falta de lubrificação adequada e o vaginismo, condição na qual os músculos do assoalho pélvico se contraem involuntariamente, geralmente ocasionado pela tensão, nervosismo ou traumas, como possível histórico de abuso sexual. Esse quadro pode ser tratado com fisioterapia pélvica, orientada por profissionais especializados na área.
Ruth destaca a importância das preliminares: “Um parceiro bacana e carinhoso, que faz as preliminares de forma que a mulher sinta o corpo dela despertado por prazer, com certeza faz toda a diferença para que ela não sinta dor. Para estimular a lubrificação, existem diversos produtos hidratantes, lubrificantes à base de água, que auxiliam no momento inicial da relação sexual”.
Primeira vez sempre dói — ou sangra
Esse é um dos principais mitos sobre sexo, que diz muito sobre como a sociedade enxergava o sexo no passado. Antigamente havia a crença de que o hímen carregaria uma “prova” física do passado sexual das mulheres, e o rompimento deste tecido na primeira relação sexual — acompanhado de sangramento — comprovaria a virgindade da parceira sexual.
Porém, nem todas as mulheres sangram após ou durante a primeira relação sexual envolvendo penetração. A dor na primeira vez também é relativa. “Tudo isso tem muito a ver com o momento, com a pessoa, com as preliminares e com o desejo despertado. Acontece que as pessoas não são ensinadas a fazer sexo. Se a pessoa não buscou conhecimento e não conhece o próprio corpo, entendendo quais são as zonas erógenas que lhe dão prazer, é praticamente impossível despertar isso durante a primeira relação sexual, influenciando diretamente na experiência”, esclarece a especialista.
O Tamanho importa
Este mito sobre sexo afeta principalmente o público masculino. Esse conceito, em grande parte, é disseminado pela pornografia. “O homem, se tiver o pênis do tamanho do dedo anelar, já é suficiente. Isso porque o canal vaginal tem entre 7 a 10 centímetros. Por isso, se o homem tem um pênis muito grande, o que vai acontecer é que, durante a penetração, tocará na parede pélvica do canal vaginal, causando dor e incômodo ao invés de prazer”, detalha Ruth.
Em outras palavras: tamanho não é documento.“Não adianta nada o homem ter um pênis acima da média e não saber usar outras técnicas para despertar prazer na parceira dele. O sexo vai muito além da penetração e dos órgãos genitais”, completa.
Sexo durante a gravidez faz mal para o bebê
O sexo durante a gestação só é um problema se for contraindicado por orientação obstétrica, como uma gravidez de risco, por exemplo. Em caso de gestações consideradas normais, o sexo não só é permitido, como é recomendado: Ruth afirma que os hormônios da felicidade, liberados durante a relação sexual, chegam até o bebê.
“Sem falar que, no momento do parto normal, a mulher não vai ter dificuldades, pois terá desenvolvido a habilidade para expulsão no momento do nascimento do bebê. Além disso, o sexo durante a gestação fortalece o vínculo entre o casal”, acrescenta.
Sexo precisa ser espontâneo
Muitas coisas em nossa rotina precisam de planejamento e o sexo é uma delas. A ideia de que o sexo precisa acontecer de forma espontânea, com desejo constante por parte dos homens, é uma concepção antiga sobre sexualidade. “Ou seja, a mulher tem que estar disponível para a hora que o homem desejar. Isso é uma cultura trazida da época quando o sexo era usado apenas para procriação”, afirma a sexóloga. A verdade é que uma relação sexual exige preparação, com um ambiente favorável e confortável para ambos. Para isso, deve haver comunicação entre os parceiros.
“Vivemos em um mundo onde a mulher está empoderada, sabe o que quer, conhece o prazer e tem todo direito de chegar nele. Então o planejamento é necessário. É interessante que a mulher tenha sempre à mão seus produtinhos, como massageadores, gel que esquenta, gel que esfria, géis vibradores. Existe uma gama de produtos para incrementar o sexo. Claro, é preciso abrir a mente para esses recursos, de forma saudável e aceita pelos dois parceiros, e fazer bom uso deles”, finaliza.
O ponto G existe!
O ponto G não é uma lenda urbana. Conforme explica Ruth, trata-se de uma zona erógena localizada na parte interna do órgão sexual feminino, cerca de três centímetros acima da entrada da vagina, na parede frontal. Confira na imagem a seguir como localizar o ponto G:
Mas vale lembrar que existem inúmeras zonas erógenas além do ponto G que podem — e devem — ser exploradas. Sexo não se resume a genitálias: “Ele começa muito antes, com o toque, com o beijo de língua, pele com pele”, detalha Ruth.
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