As Mulheres e o Espiritismo
O preconceito não é a ignorância sobre os outros, mas sobre nós mesmos.
Para nós, espíritas, esse é um assunto que não gera qualquer tipo de dúvida ou mesmo controvérsia, por uma única razão: espírito não tem sexo!
Na presente encarnação animamos o corpo de um homem e nada impede que na próxima, nossa experiência seja reencarnar em um corpo feminino, ou vice-versa.
Isso se dá pela diferença das experiências vividas em cada sexo e que servem de campo para a evolução do espírito que, como afirmam os mentores, trata-se do princípio inteligente da criação.
A humanidade, a partir de experiências sociais acabou criando rótulos, que eivados por preconceitos inerentes à condição ainda imperfeita dos reencarnantes, acabou estabelecendo uma espécie de hierarquia, onde o homem é o chefe, o provedor, o cabeça e por aí vai.
Há uma certa lógica quando analisamos nossos ancestrais ou mesmo nossos irmãozinhos do mundo animal, e verificamos que tarefas mais pesadas como caça e proteção recaem majoritariamente sobre ombros masculinos, ao passo que a maternidade e o cuidado com a prole, e aí não há como contestar, são atribuições inerentes à condição feminina.
O que é bom que se frise, é que força física não é sinônimo de superioridade, o que é facilmente observado hoje em dia, quando a tecnologia já substitui os músculos com bastante folga.
O progresso trouxe uma evolução tecnológica que aos poucos substitui a força física, de modo que sobra o cérebro (espírito) e é aí que a coisa se iguala, ou ao menos deveria se igualar.
Ocorre que sob vários aspectos o avanço tecnológico não foi acompanhado de uma evolução moral correspondente, de modo que ainda vivemos em uma sociedade que não raras vezes utiliza as conquistas que deveriam promover o bem estar de todos, empregadas para dominar, sobrepujar e explorar, seja o semelhante ou mesmo os animais e a natureza em geral.
É um traço de inferioridade que ainda manifestamos como sociedade, e o processo reencarnatório se vale exatamente dessa mesma violência para fazer com que os protagonistas de toda espécie de preconceito, violência ou discriminação retornem na condição outrora injustamente diminuída, para viverem na pele o peso das dificuldades que impuseram a outrem, o que se resume facilmente na metáfora agrícola mais apropriada para o caso:
Pela via da reencarnação, estamos hoje colhendo os frutos que plantamos ontem, da mesma forma que colheremos amanhã o que semearmos hoje.
Não tem para onde correr! Não se trata de vingança divina. O nome disso é pedagogia.
Cor, sexo, até mesmo orientação sexual, que às vezes diverge da condição biológica, não podem servir de pretexto para qualquer tipo de discriminação, preconceito, muito menos violência.
Já tivemos inúmeras encarnações e ainda teremos incontáveis outras, e cada uma compatível com a soma dos valores morais amealhados nessa trajetória milenar.
Só há uma frase para definir isso tudo e, embora de difícil compreensão ainda, resume, como disse o Cristo, a Lei e os Profetas: “ Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
Xô preconceito!
Edson Sardano