Recebi com decepção, assim como a grande maioria dos brasileiros, o resultado do prêmio de “Melhor atriz” no Oscar deste ano. Como todo mundo no Brasil, esperava que Fernanda Torres fosse a vencedora e, se fôssemos perder, apenas para Demi Moore, estrela de “A Substância”.
Mas a minha decepção não foi maior que o orgulho por tudo o que “Ainda Estou Aqui” conquistou, e tudo o que ele representa, para além de ser um filme belíssimo.
Dessa forma, não saí nas redes sociais atacando a Mikey Madison, e nem afirmando coisas do tipo “ah, mas ela tem apenas 25 anos”.
Quem sou eu para debater isto com uma pessoa que está de fato apta a votar na premiação? Ninguém, né ?
O mesmo bom senso não é visto nos colegas, que saíram massacrando a garota por ter dado o melhor de si e conquistado um super reconhecimento.
É claro, também acredito que este Oscar ficaria muito melhor nas mãos de Fernanda ou de Demi, até mesmo na de Cynthia Erivo, comovente em “Wicked”. Mas isso não me dá o direito de ir nas redes sociais de Madison desmerecer sua vitória, assim como milhares de pessoas.
Não é a primeira vez na campanha: “Le Monde”, jornal francês, foi atacado massivamente por brasileiros ao publicar uma crítica negativa de nosso filme; Karla Sofía Gascón também foi alvejada ao mostrar seu pior lado; e até mesmo o apresentador do Oscar foi criticado pela piada péssima sobre “Ainda Estou Aqui”.
A verdade é que falta um pouco mais de bom senso e civilidade nas redes, até porque não é todo mundo que vai nos pegar no colo o tempo todo.
Paradoxalmente, o nosso comportamento nas redes sociais está carente daquilo que mais utilizamos dentro delas, os filtros.
Não adianta colocar foto de cachorro fofinho nos stories do Instagram, se você age como um Pitbull raivoso quando as coisas não saem como foram desejadas.