Bruno, parceiro de longa data de Marrone, levantou uma preocupação sobre a saúde do cantor, sugerindo que as cirurgias plásticas no rosto, como a blefaroplastia, poderiam ter agravado o glaucoma do cantor. Essa afirmação, embora não tenha fundamentação médica, trouxe à tona a questão sobre os possíveis riscos associados a procedimentos estéticos mal sucedidos.
Para entender se intervenções cirúrgicas faciais podem realmente contribuir para o desenvolvimento ou agravamento de problemas oculares como o glaucoma, AnaMaria conversou com o cirurgião plástico Wendell Uguetto, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, e com a otorrinolaringologista Ellen Sodré, especialista em Rinoplastia e Cirurgia Plástica da Face. Confira.
Cirurgias plásticas no rosto podem agravar condições oculares preexistentes como o glaucoma?
Marrone, aproximadamente um ano atrás, submeteu-se a uma cirurgia facial que incluiu a blefaroplastia, uma intervenção nas pálpebras. De acordo com Wendell, após a cirurgia, ele desenvolveu uma complicação chamada retração cicatricial das pálpebras inferiores, resultando em ectrópio, onde as pálpebras inferiores retraem, expondo mais a conjuntiva (a parte branca do olho). Esta condição também causou um lagostálmo, que é uma maior exposição da superfície ocular.
O médico esclarece que não há uma relação direta entre ectrópio e glaucoma, pois o glaucoma é caracterizado pelo aumento da pressão ocular, podendo levar à perda de visão e cegueira, enquanto o ectrópio é uma condição que não afeta a pressão intraocular. No entanto, para tratar o ectrópio, é comum que os médicos prescrevam colírios à base de corticoides, cujo uso prolongado pode aumentar o risco de desenvolver glaucoma.
Portanto, se houve alguma ligação entre a cirurgia plástica e o agravamento do glaucoma de Marrone, ela provavelmente se deve ao uso intensivo de corticoides oculares para tratar as complicações pós-cirúrgicas, e não à cirurgia em si. É importante que pacientes e médicos estejam atentos ao uso desses medicamentos e monitorem regularmente a pressão ocular para prevenir possíveis complicações.
Quais são os riscos dessas intervenções, especialmente em pacientes com problemas de visão?
De acordo com Wendell, a blefaroplastia é geralmente uma cirurgia tranquila e bem tolerada, com resultados estéticos satisfatórios. Contudo, complicações podem surgir, especialmente quando há uma ressecção excessiva de pele na pálpebra inferior, o que pode resultar em ectrópio, uma condição onde a pálpebra inferior se retrai, expondo mais a superfície ocular. Essa complicação pode ser causada por uma manipulação excessiva durante a cirurgia, resultando em retração cicatricial. Outras complicações incluem lacerações na córnea, que embora sejam problemas benignos, requerem atenção.
Ellen Sodré, por sua vez, explica que, após a cirurgia de blefaroplastia, podem ocorrer algumas complicações, como a queda da pálpebra superior, dificuldade em fechar completamente os olhos devido a uma retirada excessiva de pele, cicatrizes, alterações na forma das pálpebras e retração da pele ao redor dos olhos.
Complicações envolvendo a pálpebra inferior, como o ectrópio, são particularmente preocupantes, especialmente em pacientes com flacidez dos ligamentos palpebrais. “Para pacientes com problemas de visão, essas complicações podem ter consequências ainda mais significativas, tornando a avaliação pré-operatória fundamental para prever e minimizar possíveis complicações”, aponta a médica.
Portanto, é essencial que pacientes com problemas de visão ou predisposições a complicações oculares sejam avaliados minuciosamente antes de se submeterem a procedimentos como a blefaroplastia. A escolha de um cirurgião experiente e seguir rigorosamente as orientações pós-operatórias também são cruciais para minimizar os riscos e garantir a segurança e eficácia do procedimento.
Possíveis problemas associados a uma cirurgia plástica mal sucedida
Segundo Wendell Uguetto, uma cirurgia plástica mal sucedida no rosto pode causar principalmente problemas estéticos. Complicações mais sérias, como a paralisia facial, podem ocorrer se o nervo facial for danificado durante a cirurgia, levando à perda de movimento no rosto. Além disso, pode haver necrose de pele, onde a pele fica muito fina e morre, geralmente atrás da orelha. Esses problemas são raros, mas possíveis, especialmente se o procedimento for realizado por profissionais sem a devida experiência.
Em relação à prevenção de complicações cirúrgicas, Ellen destaca que tudo começa com uma avaliação clínica minuciosa e uma indicação cirúrgica adequada. “As condições clínicas do paciente, os cuidados pós-operatórios e a escolha de um profissional habilitado são fundamentais para um resultado seguro e satisfatório. No entanto, é importante lembrar que nenhum procedimento cirúrgico é totalmente isento de riscos”, afirma a especialista.
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