Maria Verônica, conhecida como a Grávida de Taubaté, decidiu revelar detalhes surpreendentes sobre o caso que chocou o Brasil em 2012. Em entrevista ao Domingo Legal (SBT), ela falou sobre sua participação em uma seita demoníaca e como isso levou à falsa gravidez que ganhou as manchetes nacionais.
Aos olhos do público, Maria Verônica era uma mulher grávida de quadrigêmeos, mas, na verdade, tudo não passava de uma mentira elaborada. Agora, mais de uma década depois, ela decidiu abrir o jogo e contar a verdade por trás do caso que a tornou famosa.
“Eu não espero que elas acreditem em mim”
Em conversa com Celso Portiolli, Maria foi sincera sobre as expectativas em relação à sua história. “Eu não espero que elas acreditem em mim, mas eu espero que elas ouçam aquilo que eu vim para falar. O acreditar ou não acreditar nós temos o livre arbítrio. Como eu mesma acredito em algumas coisas e desacredito em outras, não espero que todos acreditem”, disse.
Ela também relembrou os anos de silêncio após o escândalo. “Eu nunca disse a ninguém que eu era uma coitadinha. Perdi a vida, vamos dizer assim. Eu vivi 13 anos no meu silêncio”, confessou.
A seita demoníaca e o início da mentira
Maria revelou que, na época da falsa gravidez, fazia parte de uma seita que cultuava demônios. “A seita cultuava ao demônio. Eu me sentia bem. Eu gostava de conversar com ele. Eu não tinha medo. Eu conversava direto com os demônios”, contou.
Ela explicou como entrou para o grupo: “Eu já estava namorando o Kléber e a família dele participava dessa seita. Ali, eu conheci, gostei e fui muito bem acolhida. Decidi fazer parte dela. Vi muitas coisas lá. Primeiro, um acolhimento. Aquilo que eu não tinha na minha casa. Depois fui entendendo que não era o que eu esperava que fosse. (…) Minha família só soube quando minha irmã me tirou da seita.”
A gravidez psicológica da Grávida de Taubaté
Maria contou que a ideia da gravidez surgiu durante um ritual na seita: “Na sexta-feira santa, nós participamos de um encontro com várias pessoas. Nessa noite, foi dito para fazer pedidos e eles iriam ser realizados. Eu fiz o meu pedido. Escrevi que queria ficar grávida de novo. Todo mundo fez o pedido e entregou. A pessoa lá que estava conversando como se fosse o demônio pegou o papel, dobrou, molhou e engoliu. E disse que o meu ele iria realizar. Eu achava que eles seriam capazes de reverter a vasectomia do meu marido e que algo ia acontecer ali.”
Ela acreditou tanto na mentira que desenvolveu uma gravidez psicológica. “A psicóloga que eu passava na época me disse que eu tive uma gravidez psicológica. A barriga cresceu no início, um mês depois do ritual. Fiz o teste de farmácia e o primeiro deu positivo. Fiquei superfeliz, achei que fosse um milagre e a barriga cresceu. Percebi que ela parou de crescer e aí eu já tinha noção que algo poderia não estar certo, mas acreditava que aquilo ia acontecer.”
O desmascaramento da Grávida de Taubaté
Maria foi desmascarada ao vivo pela jornalista Chris Flores, e ela não esconde a gratidão por isso. “Sou eternamente grata a Chris Flores. Espero me encontrar com ela muito breve. Minha primeira reação foi imaginar o que as pessoas falariam com relação a isso. Minha irmã me abraçou, tirou as coisas que estavam em mim. Os panos, colares da seita. As pessoas da seita não queriam deixar minha irmã me tirar. Meu irmão era muito grande e eles me tiraram de lá, ameaçou. Saí ouvindo o choro do meu filho no meu ouvido e fiquei longe dele.”
Após o escândalo, Maria passou meses isolada na casa dos pais e se afastou do marido e do filho. “Fiquei fechada na casa dos meus pais por uns 4 meses. Afastada da imprensa, do meu marido. Só fui ver ele novamente depois de todo esse tempo e o Eduardinho (filho) também. Fui pra casa dos meus pais, encontrei um sacerdote, houve uma oração de renúncia e uma quebra daquilo que eu tinha deixado o demônio fazer em minha vida.”
Por que decidiu falar agora?
Maria explicou que decidiu contar sua história para mostrar que é possível se levantar após um erro. “Sempre fui orientada que, se falasse abertamente, eu teria que arcar com as consequências. Se eu tivesse vindo há 13 anos, eu estaria aqui para apontar. E não é minha intenção. Vim para dizer para as pessoas que existem coisas assim e é possível viver como vivi, mentir como eu menti e se levantar.”
Ela também pediu desculpas ao público. “Perdão de ter feito isso, permitido que isso tivesse acontecido. Acreditem, é possível. Deus tudo pode.”
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