A perda de um bebê durante a gestação ou logo após o nascimento é uma das experiências mais dolorosas que uma família pode enfrentar. Recentemente, a cantora Lexa compartilhou publicamente a perda de sua filha, Sofia, que faleceu poucos dias após o nascimento. Em seu relato, ela mencionou a pré-eclâmpsia precoce e a Síndrome de Hellp, condições graves que afetaram sua saúde e a de sua bebê. Esse tipo de luto, conhecido como luto perinatal, envolve não apenas a dor da perda, mas também a interrupção de sonhos e expectativas.
Neste artigo, vamos abordar como lidar com essa dor, com insights de especialistas e dicas práticas para quem está passando por essa situação ou deseja apoiar alguém próximo.
O que é o luto perinatal e como ele afeta a saúde emocional
O luto perinatal é um processo único e profundamente doloroso, que envolve a perda de um bebê durante a gestação ou logo após o parto. Segundo Luciana Oliveira, psicóloga especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), “a perda de um bebê e o luto materno são algumas das situações mais difíceis que um ser humano pode enfrentar”.
Esse tipo de luto afeta não apenas a saúde mental, mas também a física e emocional da mãe. Além disso, é importante lembrar que os pais também vivenciam essa dor, embora muitas vezes sejam deixados de lado nas conversas sobre o tema.
As fases do luto: um processo individual e sem prazo definido
De acordo com Luciana Oliveira, o luto não segue um roteiro fixo. “Cada pessoa, cada mãe, passa pelo luto de uma forma muito subjetiva”, explica. No entanto, é comum que algumas fases sejam observadas:
Negação: dificuldade em aceitar a perda.
Raiva: revolta contra a situação ou contra outras pessoas.
Barganha: tentativa de encontrar meios para reverter a dor.
Depressão: tristeza profunda e sensação de vazio.
Aceitação: ressignificação da perda e busca por um novo sentido para a vida.
É fundamental respeitar o tempo de cada um, pois o luto não tem prazo de validade.
A importância da rede de apoio no luto perinatal
Ter uma rede de apoio sólida é essencial para enfrentar o luto perinatal. “Estar rodeada pelas pessoas que você ama e que te amam faz toda a diferença”, destaca Luciana Oliveira. Além disso, grupos de apoio e acompanhamento psicológico especializado, como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), podem trazer alívio e ajudar no processo de cura.
Rafaela Schiavo, psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline, reforça a importância de um acolhimento humano e respeitoso. “Cada história de perda é única, mas todas essas mães compartilham a necessidade de serem ouvidas e respeitadas em sua dor”, afirma.
O luto paterno: uma dor que também precisa ser acolhida
Muitas vezes, o luto paterno é negligenciado. “Os pais também perderam um filho e precisam de acolhimento”, explica Rafaela Schiavo. Eles frequentemente silenciam sua própria dor para apoiar a parceira, mas também precisam de espaço para expressar seus sentimentos e buscar ajuda profissional, se necessário.
O que não dizer a uma mãe em luto perinatal
Algumas frases, mesmo ditas com a intenção de confortar, podem causar mais dor. Rafaela Schiavo lista algumas delas:
- “Foi melhor assim”: invalida o sofrimento e pode aumentar a culpa.
- “Você pode ter outro filho”: nenhuma gravidez substitui a perda.
- “Pelo menos você ainda não tinha criado vínculo”: o vínculo materno começa na gestação.
- “Deus sabe o que faz”: pode causar desconforto, dependendo das crenças da mãe.
- “Seja forte”: pressiona a mãe a esconder seus sentimentos.
Como oferecer apoio de verdade
A melhor forma de ajudar é estar presente e oferecer escuta sem julgamentos. Perguntas como “Quer conversar?” ou “Posso te ajudar com algo?” são mais acolhedoras do que tentar minimizar a dor. Além disso, ações concretas, como ajudar com tarefas do dia a dia, podem fazer toda a diferença.
Cuidar de si mesma: um passo essencial no processo de luto
Luciana Oliveira reforça a importância de cuidar da saúde física e emocional. “A alimentação, o sono e a atividade física são essenciais para manter o equilíbrio emocional”, diz. Buscar ajuda profissional e permitir-se sentir a dor são passos fundamentais para reconstruir a vida após a perda.
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