A produção de vestuário tem atingido números alarmantes, em parte devido à proliferação das marcas de fast fashion. Este modelo de negócio resultou na fabricação de cerca de 100 bilhões de peças por ano, dobrando os números do início dos anos 2000. Cada pessoa, em média, adquire 12 novas peças anualmente, o que significa que a cada segundo, milhares de roupas são produzidas.
Com este aumento, a relação entre consumidores e suas roupas mudou substantivamente. Segundo estudo da McKinsey, o tempo de uso de um item caiu para apenas sete ou oito vezes antes do descarte, intensificando problemas de desperdício de recursos e impactos ambientais negativos.
Quais são os destinos dos resíduos têxteis?
Atualmente, uma grande parcela dos resíduos têxteis é inadequadamente gerida, com cerca de 80% sendo incinerados, aterrados ou simplesmente deixados em lixões. Este tipo de manejo não só desperdiça materiais valiosos, mas também representa riscos significativos ao meio ambiente e à saúde pública, conforme destaca a Fundação Ellen MacArthur.
Locais como o deserto do Atacama, no Chile, agora possuem montanhas de roupas descartadas, simbolizando um problema global. Em Gana, na África, as praias sofrem com a presença constante de peças de vestuário deixadas pelas ondas, uma consequência direta da falha na gestão do lixo têxtil.
Quais são as alternativas para um futuro mais sustentável na moda?
Para enfrentar os desafios do descarte de roupas, a indústria da moda precisa adotar abordagens circulares. Isso envolve a utilização eficiente de recursos e a transformação de resíduos em novos materiais, alimentando uma cadeia de produção sustentável. José Guilherme Teixeira, especialista em moda sustentável, destaca a importância da circularidade no setor.
Teixeira é CEO da Cotton Move, uma empresa que lidera iniciativas de reciclagem de tecidos pós-consumo no Brasil, transformando-os em matérias-primas para novas produções. Estes esforços são cruciais para diminuir a quantidade de resíduos que acabam em aterros sanitários e incineradores.
Como o consumidor pode contribuir para a circularidade?
Os consumidores também desempenham um papel vital na construção de uma economia circular na moda. Algumas formas de contribuir incluem apoiar marcas que promovem práticas sustentáveis, optar pelo conserto em vez do descarte de roupas, e participar de programas de reciclagem de vestuário. A conscientização quanto à origem e ao destino dos produtos pode catalisar mudanças positivas para o meio ambiente.
Com pequenas ações coletivas, a expectativa é de que a relação entre produção e consumo de moda se transforme significativamente, minimizando os impactos negativos associados ao desnecessário descarte de roupas.