Pesquisas recentes mostram que a baixa escolaridade é um dos principais fatores de risco para o surgimento de demências no envelhecimento. Um estudo publicado na revista The Lancet Global Health revelou que a falta de acesso à educação supera fatores biológicos, como idade e gênero, quando se trata da perda cognitiva em idosos brasileiros.
Segundo o professor Eduardo Zimmer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), garantir o ensino desde a infância é essencial para reduzir os casos de demência no país. “Precisamos colocar todo mundo na escola desde cedo”, enfatiza o pesquisador.
Como a educação protege o cérebro?
O aprendizado ao longo da vida funciona como um verdadeiro treino para o cérebro, fortalecendo conexões neurais e criando uma reserva cognitiva. Essa “musculação mental” ajuda a retardar o aparecimento de doenças como o Alzheimer.
À Folha de São Paulo, a geriatra Manuella Toledo Matias explica que exercitar a mente por meio do estudo e de atividades intelectuais amplia as conexões entre neurônios, garantindo que o cérebro tenha caminhos alternativos para acessar informações. No entanto, não basta apenas frequentar a escola: é essencial que a qualidade do ensino seja elevada para que os benefícios sejam duradouros.
Demências no envelhecimento: o impacto da desigualdade social
Outro ponto que chama a atenção dos especialistas é a relação entre desigualdade econômica e demências no envelhecimento. Estudos mostram que o Brasil tem um dos mais altos índices de depressão e ansiedade na população idosa. Isso porque condições relacionadas a saúde emocional também contribuem para o declínio cognitivo.
Uma análise feita com mais de 40 mil pessoas em países da América Latina apontou que, enquanto nos países desenvolvidos a perda de habilidades funcionais está mais relacionada a quedas e doenças cardíacas, no Brasil o principal fator é a saúde mental fragilizada.
Como prevenir o declínio cognitivo?
Diante desse cenário, a prevenção das demências no envelhecimento exige ações concretas. Políticas públicas que garantam acesso à educação de qualidade, desde a infância, são fundamentais para reduzir os casos no futuro. Além disso, estimular atividades intelectuais ao longo da vida, promover o bem-estar emocional e adotar hábitos saudáveis são estratégias que fazem diferença.
A mensagem é clara: investir na educação não só melhora a qualidade de vida das novas gerações, mas também protege o cérebro e garante um envelhecimento mais saudável.
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