O Brasil tem em média 645 amputações de pênis a cada ano devido ao câncer no órgão e segundo um novo levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com base em dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) do Ministério da Saúde. Nos últimos 10 anos foram registradas mais de 5,8 mil amputações.
Apesar de ser um dos poucos tipos de câncer que podem ser prevenidos, o país ainda registra números alarmantes de mutilações, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. De acordo com o Dr. Karlo Sousa, urologista do Hospital Santa Clara, embora seja um tipo raro da doença, o problema ainda persiste por falta de acesso à informação e cuidados básicos. “O que assusta não é a frequência da doença em si, mas o fato de ainda termos tantos casos evitáveis. A baixa escolaridade, o acesso limitado à saúde e a falta de higiene adequada são fatores determinantes”, afirma.
Geralmente, o problema se manifesta como uma pequena lesão no pênis, que pode ser uma bolha, verruga ou ferida, e evolui para um caroço ou úlcera com secreção e odor desagradável. “O quadro começa discreto, mas, se não tratado, pode exigir amputações parciais ou totais”, alerta o especialista.
O tratamento varia de acordo com o estágio. “Nos casos iniciais, a remoção da lesão pode ser suficiente. Mas, quando o câncer já está avançado, a amputação parcial ou total do pênis se torna necessária. Em situações mais graves, pode ser indicada até a emasculação, que envolve a retirada do pênis, da bolsa escrotal e dos testículos”, explica Sousa.
A informação pode salvar vidas
A prevenção passa por medidas simples e acessíveis. “Higiene íntima adequada, com água e sabão, é fundamental. A vacinação contra o HPV, oferecida pelo SUS é uma das formas mais eficazes de prevenção. Além disso, é essencial que qualquer alteração seja avaliada por um urologista o quanto antes”, reforça.
Para o especialista, a falta de conscientização ainda é o maior desafio. “É inadmissível que, em pleno século XXI, homens passem por amputações evitáveis. O conhecimento sobre higiene, vacinação e acompanhamento médico pode fazer toda a diferença. O câncer de pênis pode ser evitado com atitudes simples, e a informação precisa ser levada a todas as regiões do país”, conclui.