A maternidade é um dos maiores marcos na vida de uma mulher, mas nem sempre o caminho é fácil e cheio de flores. Embora a sociedade celebre a chegada de um bebê, muitos sentimentos diferentes podem surgir durante a gestação e nos primeiros meses após o parto. Ao invés da tão idealizada imagem de perfeição, muitas mães enfrentam dificuldades, inseguranças e a pressão para serem “mães perfeitas”.
Para ajudar a esclarecer dúvidas sobre a maternidade e desfazer os mitos que envolvem o tema, a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do Instituto MaterOnline, responde às principais perguntas que toda mãe tem sobre esse período.
“Por que a maternidade é tão idealizada?”
A idealização da maternidade é um fenômeno social muito presente, em que a sociedade espera que as mulheres vejam a maternidade como a maior realização de suas vidas. Para Rafaela, essa visão distorcida pode causar grandes danos. A psicóloga explica que a maternidade é frequentemente romantizada, o que coloca uma pressão enorme sobre a mulher. Muitas vezes, ela sente que precisa estar sempre feliz e realizada, o que não corresponde à realidade de todas as mães.
Essa idealização da maternidade leva muitas mulheres a acreditarem que, se não se sentem 100% felizes, estão falhando. Isso pode criar um ciclo de culpa, já que não correspondem às expectativas que a sociedade coloca sobre elas. Por isso, é essencial falar mais sobre as dificuldades que surgem durante a maternidade, para que as mães não se sintam sozinhas.
Como lidar com a pressão de ser a mãe “perfeita”?
Em tempos onde a perfeição parece ser o padrão, a pressão para ser uma “mãe perfeita” pode ser insuportável. “Não existe a mãe perfeita. E não há nada de errado em ter dias difíceis”, diz Rafaela. Ela explica que o ideal é aceitar que a maternidade tem altos e baixos e que, quando os dias difíceis surgem, é preciso buscar apoio emocional e prático.
Conversar com outras mães, familiares ou amigos pode ser uma forma de aliviar a carga e diminuir a pressão. Em vez de tentar alcançar um ideal inatingível, a melhor escolha é criar uma rede de apoio, onde a troca de experiências seja constante.
A importância de aceitar os sentimentos negativos
Ao longo da maternidade, é natural que sentimentos negativos surjam, como cansaço extremo, frustração ou até mesmo tristeza. É importante aceitar esses sentimentos e buscar ajuda. “Não há problema em pedir ajuda profissional, principalmente quando o estresse e a tristeza começam a pesar. A psicoterapia pode ser uma ferramenta valiosa para lidar com as emoções”, afirma Rafaela.
Esses sentimentos podem ser ainda mais difíceis de lidar quando a idealização da maternidade coloca um fardo sobre as mães. A psicóloga sugere que, ao se deparar com esses momentos, as mulheres se permitam vivenciar suas emoções sem se sentirem culpadas.
Como construir uma rede de apoio?
A maternidade exige muita energia, e ninguém deveria passar por isso sozinha. Uma boa rede de apoio é fundamental para que a mulher se sinta amparada. Esse suporte pode vir de familiares, amigos ou até mesmo de profissionais de saúde, como psicólogos e terapeutas. Rafaela também aponta que um parceiro presente e engajado é essencial para dividir responsabilidades e proporcionar um ambiente mais equilibrado.
Ter uma rede de apoio sólida pode ser a chave para lidar com as adversidades e ajudar a mãe a manter a saúde mental em dia.
O papel do parceiro na maternidade
Rafaela reforça que a presença do parceiro é fundamental para uma maternidade mais equilibrada. “Dividir responsabilidades e apoiar emocionalmente a mãe é uma forma de aliviar a carga da maternidade”, afirma a psicóloga. Esse apoio não só beneficia a mãe, mas também contribui para o bem-estar da criança, criando um ambiente mais saudável e harmonioso para toda a família.
Como evitar a romantização da maternidade?
A pressão para viver a idealização da maternidade de forma plena pode ser prejudicial. Segundo Rafaela, uma das formas de combater isso é trazer à tona a realidade da maternidade, sem esconder as dificuldades. “É preciso discutir mais abertamente sobre os desafios da maternidade e não apenas sobre os momentos felizes. Isso pode ajudar muitas mulheres a não se sentirem tão sobrecarregadas e sozinhas”, afirma a psicóloga.
Além disso, criar um ambiente mais honesto sobre o que realmente envolve a maternidade é uma maneira de reduzir as expectativas irreais e permitir que as mães se sintam mais preparadas para o que está por vir.
Preparando-se para a maternidade de forma realista
Informação e preparação são ferramentas poderosas. Para Rafaela, participar de grupos de apoio, fazer terapia e se informar sobre os desafios da maternidade podem ser grandes aliados na hora de ajustar as expectativas. “Cada experiência de maternidade é única, e é importante se lembrar de que é possível viver esse momento de forma autêntica, sem pressões externas”, conclui a especialista.
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