A implementação da lei que proíbe celular nas escolas provocou discussões sobre o impacto do uso excessivo de telas no aprendizado e na saúde mental dos jovens. Segundo especialistas, a restrição pode trazer benefícios ao neurodesenvolvimento, estimular o foco e resgatar a interação social.
Dados indicam que crianças e adolescentes passam, em média, mais de 7 horas por dia em frente às telas. Segundo Telma Abrahão, especialista em neurociências e desenvolvimento infantil, o tempo excessivo dedicado a smartphones e redes sociais é prejudicial ao desenvolvimento cerebral, podendo interferir na regulação natural dos neurotransmissores e gerar um ciclo vicioso de busca por estímulos digitais.
Por que há uma lei que proíbe celular nas escolas?
Telma afirma que a proibição é “um grande ganho para a sociedade, famílias e escolas”, pois crianças estavam perdendo interesse em atividades fundamentais para o desenvolvimento social, como conversar, participar de grupos e até mesmo interagir com colegas em sala de aula.
O vício em telas foi descrito pela especialista como uma “crise silenciosa” que molda negativamente o comportamento dos jovens. “A sobrecarga de estímulos digitais interfere na regulação de dopamina, transformando o que deveria ser um mecanismo de prazer natural em comportamento compulsivo”, explica Abrahão.
Além disso, estudos relacionam o uso excessivo de telas à queda no desempenho acadêmico, privação de sono e aumento de comportamentos agressivos. Ao restringir o uso de celulares no ambiente escolar, a intenção é minimizar esses efeitos negativos e criar um ambiente propício ao aprendizado.
Como os pais podem ajudar no processo de adaptação
Os pais têm um papel fundamental na adaptação dos jovens à lei que proíbe celular nas escolas. Estabelecer rotinas familiares que equilibrem o tempo de tela com atividades saudáveis, como esportes, leitura e interação social, é essencial.
Telma sugere que o foco não deve ser apenas reduzir o tempo de tela, mas promover conexões reais que fortaleçam a autoestima e o equilíbrio emocional. Criar espaços para diálogo e momentos de qualidade em família também ajuda a criar laços afetivos e regular o uso da tecnologia de forma natural.
Nomofobia: como prevenir e tratar o medo de ficar sem celular
A nomofobia, ou o medo irracional de ficar sem o celular, é uma das consequências mais sérias do uso excessivo de tecnologia. Para prevenir esse comportamento, especialistas recomendam:
- Definir limites claros para o uso de dispositivos eletrônicos em casa.
- Oferecer atividades alternativas que envolvam interação social e movimento físico.
- Monitorar comportamentos como ansiedade quando o jovem não tem acesso ao celular.
Se a nomofobia já estiver presente, o tratamento pode envolver acompanhamento psicológico, para trabalhar a dependência emocional da tecnologia, e, em casos mais graves, intervenções terapêuticas específicas.
A lei que proíbe celular nas escolas chegou em um momento oportuno, representando um passo importante para reverter o impacto do uso excessivo de telas entre crianças e adolescentes. Conforme destacado por Telma Abrahão, resgatar hábitos saudáveis e promover conexões humanas é essencial para equilibrar o impacto da tecnologia no desenvolvimento infantil e prevenir problemas emocionais e sociais.
Para as famílias, o desafio agora é construir uma cultura que valorize tanto as interações presenciais quanto o uso consciente da tecnologia. Afinal, a mudança cultural necessária vai além da sala de aula, envolvendo um esforço coletivo para garantir o bem-estar das próximas gerações.
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