Karine Gouveia e Paulo Cesar Dias Gonçalves, responsáveis por uma clínica estética em Goiânia (GO), foram detidos no mês passado após investigações que duraram quase um ano, conduzidas pela Polícia Civil de Goiás. O casal é acusado de realizar procedimentos invasivos sem a devida autorização e por profissionais sem a qualificação necessária. Mas, afinal, o que fazer se o procedimento estético der errado?
Segundo reportagem do Fantástico, a clínica, que atraía a clientela de celebridades e se localizava em uma das áreas mais nobres da capital goiana, foi alvo de denúncias de 63 pacientes desde 2017. As queixas referem-se a lesões resultantes de intervenções estéticas inadequadas.
O delegado responsável pelo caso, Daniel Oliveira, afirmou que “os procedimentos realizados na clínica eram verdadeiras cirurgias, executadas por pessoas não habilitadas, sendo que muitos desses atos deveriam ser estritamente feitos por médicos”.
Em entrevista ao programa Fantástico, três vítimas relataram suas experiências negativas. Um dos pacientes mencionou ter pago R$ 8 mil por uma rinoplastia na clínica. Ele descreveu ter passado por uma primeira cirurgia dolorosa e não conseguiu corrigir os erros numa segunda tentativa. Agora, um novo procedimento de correção em outro local vai lhe custar R$ 60 mil.
Outra paciente investiu quase R$ 20 mil em harmonização facial. Ela revelou que o produto utilizado nas injeções não era ácido hialurônico como informado, mas sim óleo industrial, resultando em deformações visíveis e problemas psicológicos.
Uma terceira vítima relatou conviver com cicatrizes após uma lipoaspiração na papada mal-sucedida. A paciente desembolsou R$ 4,5 mil e ainda sofre com dores ao movimentar o pescoço.
As denúncias já foram formalizadas à polícia e as vítimas estão passando por exames no Instituto Médico Legal (IML) para determinar o grau das lesões. Os produtos apreendidos na clínica estão sendo analisados pelos peritos criminais.
Entre os itens recolhidos estavam medicamentos abertos e seringas que deveriam ser descartadas. A médica legista Camila Santana ressaltou a preocupação com a reutilização inadequada de materiais, o que levanta questões sobre a segurança dos procedimentos realizados.
A investigação aponta que o casal pode ter adulterado produtos para aumentar os lucros. As clínicas operavam sem as licenças necessárias para muitos dos serviços prestados. Uma equipe composta por dentistas e biomédicos realizava os procedimentos sob a supervisão inadequada de Karine Gouveia e seus sócios.
A Justiça já bloqueou R$ 2,4 milhões em contas do casal, além de investigar outras possíveis infrações relacionadas à prática ilegal da medicina e organização criminosa.
A defesa dos acusados declarou que Karine e Paulo nunca tiveram intenção criminosa e solicitaram uma análise individualizada dos casos dos pacientes. Eles afirmam que todos os procedimentos foram realizados com respeito e cuidado adequados.
Os advogados argumentam também que as alegações contra os clientes devem ser vistas sob uma perspectiva cuidadosa e ressaltam a importância da perícia técnica para validar as afirmações feitas durante as investigações.
O que fazer se um procedimento estético dar errado?
Em caso do procedimento estético der errado, é fundamental buscar ajuda médica e entrar em contato com o profissional que realizou o procedimento.
Além disso, a indenização só será possível se o erro médico for comprovado. Para isso, é essencial ter documentos que provem o que foi proposto e o resultado entregue. Ou seja, vale reunir contratos, relatórios médicos, receituários, exames, fotos e notas fiscais – eles são de titularidade do paciente, do médico e da instituição médica. Ou seja, o paciente pode solicitá-los. Caso o fornecimento seja negado, é possível denunciar no CRM (Conselho Regional de Medicina).
Se os documentos não forem suficientes para comprovar, também é possível solicitar uma perícia técnica médica.
Se não houver acordo, é possível buscar o Procon ou a Justiça. A indenização poderá cobrir despesas médicas, danos morais e materiais.
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