Uma mãe demonstrou coragem ao resgatar seus filhos dos destroços do avião que caiu em Ubatuba (SP), na última quinta-feira (9). A aeronave não conseguiu pousar no aeroporto, atravessou uma avenida, e caiu na beira da praia. O piloto, Paulo Seguetto, não sobreviveu ao acidente.
Os sobreviventes são o casal Mireylle Fries e Bruno Almeida Souza, e os filhos de 4 e 6 anos. A família saiu de Goiás com destino ao litoral paulista. De acordo com testemunhas, a empresária teve papel fundamental no resgate do marido e dos filhos.
Ao ‘Fantástico‘, o agricultor Gilmar Destefano relatou: “Ela foi que nem uma leoa para salvar os filhos, com a força, sabe? Acho que ela estava até fora de si no meio daquela fumaça, ferida que estava, ainda. Ela conseguiu tirar uma criança, tirou a outra. E quis tirar o esposo também.”
Pedro Romano, empresário local que auxiliou no resgate, destacou a determinação de Mireylle: “Toda uma equipe de desconhecidos que trabalhou junto para conseguir resgatar, conseguir tirar [do avião] essas quatro vidas. Um instinto materno muito grande porque ela ajudou a tirar as crianças.”
Instinto materno em situações de perigo
O comportamento de Mireylle Fries durante o acidente levanta discussões sobre o instinto materno em situações de perigo. Segundo especialistas em comportamento humano, em momentos de ameaça, mães podem apresentar reações rápidas e decisivas para proteger seus filhos.
Respostas biológicas e emocionais impulsionam essas respostas. Isso ocorre porque o o cérebro materno libera hormônios que aumentam a coragem e a resistência física durante situações de risco. Neste caso, permite ações que, em circunstâncias normais, poderiam parecer impossíveis.
Essas reações agem como mecanismos evolutivos para garantir a sobrevivência da prole. No caso do avião que caiu em Ubatuba, a pronta resposta de Mireylle para salvar seus filhos exemplifica como o instinto materno pode se manifestar de forma intensa, mesmo em cenários de extremo perigo.
O acidente com a família Fries
Após o acidente aéreo, Mireylle, seu marido e os filhos foram internados em um hospital em São Paulo. A empresária passou por cirurgia e chegou a ser entubada; os demais estão estáveis, sem previsão de alta. A família faz parte dodo Grupo Fries, empresa do setor agropecuário. Ela é diretora da companhia, e assumiu os negócios familiares em 2012.
O incidente também afetou pessoas em terra. A professora Rosana Alves Vieira, que caminhava com o filho na calçada no momento do acidente, foi atingida por destroços e sofreu fratura exposta no pé. “Eu nasci de novo, eu vi a morte de perto. Nasci outra vez”, disse a mulher, que está internada em um hospital em Caraguatatuba. Também ao ‘Fantástico’, ela relembrou: “O destroço do avião bateu na minha perna. Alguma coisa que eu não sei o que bateu na minha perna e eu caí. E nessa hora que eu caí, comecei a sentir minhas pernas queimando e eu só fui pensando assim: ‘Eu tô pegando fogo. Tô pegando fogo’”
As causas do acidente estão sob investigação pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Fatores como condições meteorológicas adversas e a extensão da pista do aeroporto de Ubatuba, que possui apenas 560 metros utilizáveis em um dos sentidos, estão sendo considerados.
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