O papa Francisco nomeou a freira italiana Simona Brambilla para liderar o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Essa é a primeira vez na história que uma mulher assume a liderança de um dos ministérios do Vaticano.
Ao longo do seu papado de 11 anos, o líder religioso vem elevando mulheres a cargos de liderança no Vaticano. No entanto, a presença feminina estava restrita aos cargos de segundo comando — até a ascensão da irmã. “Toda vez que uma mulher recebe um cargo (de responsabilidade) no Vaticano, as coisas melhoram”, ele disse, ainda no ano passado.
Segundo dados do Vatican News, o órgão de comunicação oficial do Vaticano, a porcentagem de mulheres em cargos na Santa Sé e na administração do Estado do Vaticano subiu de 19,2% para 23,4% entre 2013, na eleição de Francisco, até 2023.
Quem é Simona Brambilla?
Simona Brambilla nasceu na cidade de Monza, na Itália, em 27 de março de 1965. Ela dirigiu o Instituto das Irmãs Missionárias da Consolata entre 2011 a 2023, e tem experiência como missionária em Moçambique. Antes de entrar na instituição, ela estudou enfermagem e em 1998, se formou em Psicologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Dez anos depois, obteve o doutorado no curso.
Agora, a freira de 59 anos assume o Dicastério, organização da Santa Fé que tem como responsabilidade supervisionar as ordens religiosas católicas do mundo. Ela substitui o cardeal João Braz de Aviz, brasileiro que liderava o escritório desde 2011.
“Peço ao Senhor a graça para que possamos abrir cada vez mais nossos corações para receber esse sopro e deixar que ele nos transforme como pessoas, como comunidade, como Igreja e como humanidade”, disse Brambilla em dezembro.
No jornal romano Il Messaggero, a vaticanista Franca Giansoldati avaliou que a nova prefeita (título que a Igreja Católica) é “moderada e conciliadora”. Além disso, a especialista destacou a “respeitável experiência como missionária na África e como administradora” de Simona.
A presença feminina na Igreja Católica
A promoção de Simona Brambilla à liderança do Dicastério marca mais uma etapa das mudanças impostas por Francisco. Desde o início do pontificado, a presença feminina no Vaticano tem aumentado. O papa coleciona declarações e ações em defesa das mulheres na Igreja Católica.
Em 8 de março de 2024, no Dia Internacional da Mulher, o pontífice criticou a disparidade salarial entre gêneros. Ele descreveu a situação como “uma grave injustiça”. No mesmo discurso, ele condenou a “praga” da violência contra as mulheres.
Antes da italiana, o papa já havia nomeado outras duas mulheres para altos cargos: em 2016, Barbara Jatta assumiu como diretora dos Museus Vaticanos, e a irmã Raffaella Petrini, nomeada secretária-geral da Governança em 2022. Geralmente, bispos assumem o último cargo.
Para especialistas, a nomeação de Simona Brambilla é uma promoção fundamental que pode abrir portas a outras nomeações. Além disso, pode ser uma mudança crucial no papel das mulheres no catolicismo.
A exceção é a permissão de sacerdotes do sexo feminino, outra reivindicação histórica de parte das católicas, mas que é negada por Francisco. O Papa defende que apenas cristãos do sexo masculino podem ser sacerdotes, com base na premissa da Igreja Católica de que Jesus escolheu homens como apóstolos.
Leia também
Dia Mundial da Paz: veja como foi o discurso do Papa Francisco