Acusado de organizar abusos sexuais contra a ex-mulher, Dominique Pelicot foi condenado à prisão nesta quinta-feira (19). Por 10 anos, Gisèle Pelicot foi dopada pelo então marido e violentada por estranhos sem seu consentimento.
Segundo as investigações, a vítima foi estuprada mais de 90 vezes por 72 homens diferentes. O processo contou com 50 réus identificados até agora. Os outros abusadores ainda não foram encontrados.
A descoberta veio em 2020, quando Dominique foi preso por importunação sexual contra outras mulheres. Na época, a polícia apreendeu seu computador e encontrou registros de Gisèle sendo estuprada por vários homens.
O caso veio a público em setembro, quando o julgamento começou. Gisèle decidiu abrir mão do anonimato e tornar o processo público. Sua intenção era impedir que isso aconteça com outras mulheres. A seguir, AnaMaria explica a trajetória do caso:
O caso Dominique Pelicot
Dominique Pelicot dopou Gisèle durante uma década, misturando tranquilizantes à comida e bebida dela. Depois, ele convidava homens por meio de um site de encontros para estuprá-la enquanto ela estava inconsciente. Dominique participava dos atos e os filmava, orientando os agressores a não deixarem pistas.
As investigações mostraram que a vítima foi violentada pelo menos 92 vezes, e 50 homens identificados no caso também foram condenados. Dominique alegou que todos os agressores sabiam que Gisèle estava inconsciente, enquanto alguns réus afirmaram acreditar que se tratava de uma fantasia consensual do casal.
Como a vítima reagiu ao descobrir?
Gisèle descobriu os abusos após a prisão de Dominique, em 2020. Ele havia sido flagrado filmando mulheres por baixo das saias em um supermercado. Ao apreender o computador dele, a polícia encontrou vídeos e fotos da vítima inconsciente sendo violentada.
A revelação chocou Gisèle, que decidiu denunciar o caso publicamente. “Assisti a todos os vídeos. Não são cenas de sexo, são cenas de estupro”, disse em entrevista. Ela criticou os agressores por não denunciarem os crimes e afirmou querer impedir que outras mulheres passem por situações semelhantes.
Por que Gisèle tornou o caso público?
Renunciando ao anonimato, Gisèle Pelicot optou por mostrar o rosto e tornar o julgamento público. Ela queria inspirar outras vítimas a denunciarem e expor a gravidade do caso. Sua coragem a tornou um símbolo feminista e uma das mulheres mais influentes do mundo em 2025, segundo a BBC.
Gisèle afirmou que seu objetivo é mudar a percepção das vítimas. “Não quero que [as vítimas] sintam mais vergonha, e sim os agressores.” Sua luta gerou repercussão mundial e destacou a importância do combate à violência contra as mulheres.
O julgamento de Dominique Pelicot
O julgamento começou em setembro de 2024, em Avignon, França. Durante as audiências, a filha de Dominique descobriu que o pai mantinha fotos dela nua, o que gerou mais acusações contra ele.
Outro caso revelado no tribunal envolveu Jean-Pierre Marechal, amigo de Dominique, que copiou o método do acusado para estuprar a própria esposa. Marechal também foi condenado, mas não por abusar de Gisèle.
Na última audiência, Dominique pediu perdão à família e elogiou a coragem da ex-mulher. “Todos aqui, apesar da presunção de inocência, são culpados, assim como eu”, disse. Alguns réus pediram desculpas à vítima, enquanto outros continuaram negando os crimes.
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