Viajar é um momento de diversão e relaxamento. No entanto, o caminho até o destino é um verdadeiro pesadelo para muita gente. Seja de carro, ônibus ou mesmo avião, o trajeto é acompanhado de sensações incômodas, como náusea, tontura, suor frio e mal-estar generalizado. Pode tratar-se de cinetose.
O fenômeno, também conhecido como enjoos relacionados ao movimento, é causada por um conflito entre os sistemas sensoriais do corpo. Enquanto o labirinto, localizado no ouvido interno, percebe movimento, os olhos podem enviar ao cérebro informações de que o corpo está parado.
Essa incompatibilidade resulta nos desconfortos típicos da cinetose, que pode ser agravada por fatores emocionais, como ansiedade. A médica Juliana Anauate Alves de Aguiar, otorrinolaringologista do Hcor, falou à AnaMaria sobre as causas e tratamentos para o problema.
O que causa a cinetose?
A cinetose ocorre quando há uma discrepância entre as informações recebidas pelo cérebro. A especialista exemplifica com uma situação cotidiana: “Ao ler um livro ou mexer no celular no banco de trás do carro, o labirinto percebe e envia sinais de movimento, mas os olhos não, gerando uma incompatibilidade de sistemas”.
Essa incompatibilidade sensorial é o principal gatilho da cinetose”, explica a otorrinolaringologista. Além disso, fatores emocionais também desempenham um papel relevante. Segundo a médica, algumas pessoas desenvolvem quadros de ansiedade ao anteciparem situações de desconforto, como trajetos em estradas sinuosas ou turbulências durante voos.
“Eu já tive pacientes que criaram um pânico só de saber que poderiam ser submetidos a esse tipo de movimento. Eles passaram mal em viagens e nunca mais quiseram ir, mas devido a quadros de ansiedade associados”
Principais sintomas e casos comuns
Os sintomas da cinetose podem variar em intensidade, mas os mais comuns incluem:
- Náusea e vômito;
- Tontura;
- Suor frio;
- Sensibilidade a cheiros ou às condições do ambiente;
- Sensação de mal-estar generalizado.
Algumas pessoas também relatam fadiga e dificuldade para se concentrar durante ou após o episódio. Em casos mais graves, os sintomas podem persistir mesmo após o término do movimento.
Embora seja mais comum durante viagens terrestres, a cinetose também pode ocorrer em outros cenários, como viagens de barco ou cruzeiros, especialmente em águas agitadas, e turbulências durante voos. Quem tem cinetose também pode apresentar dificuldades com o uso de novas tecnologias.
“Alguns jogos de videogame e a realidade virtual também causam um conflito sensorial que geram mal-estar e se tornam incompatíveis para a diversão ou até mesmo o trabalho”, destaca. Em todos os casos, o princípio do conflito sensorial é semelhante: o corpo percebe movimento de forma distinta dos olhos ou do labirinto, resultando no mal-estar.
Tratamento e prevenção: vale procurar um médico?
Apesar de ser uma condição desconfortável, é possível prevenir e tratar a cinetose de forma eficaz. Especialistas recomendam as seguintes medidas:
- Adapte seu comportamento durante a viagem:
- Evite ler ou mexer no celular enquanto está em movimento;
- Procure fixar o olhar em um ponto no horizonte;
- Sente-se na parte dianteira do carro ou próximo à janela do avião, onde o movimento é menos perceptível.
- Use medicamentos preventivos:
- Medicamentos podem indicar medicamentos para controlar o labirinto e prevenir os sintomas;
- Em casos de ansiedade associada à cinetose, é possível que o médico indique medicamentos para o problema.
- Aposte na reabilitação vestibular:
- Esse tipo de terapia física ajuda o labirinto a se adaptar melhor aos movimentos e reduzir os conflitos sensoriais;
- A reabilitação pode incluir exercícios específicos e é realizada por profissionais especializados.
- Mantenha um ambiente confortável durante a viagem:
- Evite alimentos pesados ou gordurosos antes de iniciar o trajeto;
- Garanta boa ventilação e temperatura amena no veículo.
Ainda que a cinetose não seja uma condição grave, o acompanhamento médico pode ser necessário em casos de sintomas recorrentes ou intensos que impactem a qualidade de vida. O otorrinolaringologista ou um especialista em distúrbios vestibulares pode indicar o tratamento mais adequado para cada paciente.
A combinação de medicamentos, terapias comportamentais e o controle de fatores emocionais costuma ser eficaz para minimizar os impactos da condição, permitindo que o indivíduo aproveite as viagens com maior tranquilidade.