Você sabia que em todo o mundo, 45% da população é afetada por doenças bucais? Esse é um dos motivos de desfalque dos sistemas de saúde de acordo com um novo estudo da Economist Impact, em parceria com a Federação Europeia de Periodontologia e a Haleon, empresa multinacional especializada em saúde do consumidor.
No Brasil, os dados não são diferentes. Segundo o mesmo estudo internacional, somente com o tratamento de cáries dentárias chegamos ao valor gasto de mais de 180 bilhões de reais. Para o Dr. Mauro Macedo, dentista formado em Odontologia pela Universidade de Pernambuco, Mestre e especialista em Ortodontia, Implantes e Ortopedia dos Maxilares e Coordenador de Pós Graduação Odontológica no Brasil e em Portugal, essa realidade pode ser mudada com mais que informação, a educação. “Na maioria dos casos a cárie aparece devido à má higienização bucal. Ela é uma lesão do esmalte do dente provocada por um desiquilíbrio químico local e o crescimento dos microorganismos que causam a cárie é quase sempre resultado da falta de higiene adequada. É preciso encarar a saúde bucal tão importante quanto à saúde como um todo”, explica o profissional.
A pedido da Revista Ana Maria, Dr. Mauro Macedo respondeu às principais dúvidas sobre a cárie para que você evite estar nas estatísticas.
– Bebês podem ter cárie?
“A cárie no bebê não é muito comum, mas pode aparecer normalmente após um ano de idade (quando o bebê já apresenta os dentinhos). Normalmente está associada ao uso de açúcar na mamadeira e falta de limpeza dentária após as refeições. A cárie se apresenta inicialmente como manchas brancas no esmalte do dente que poderá evoluir até formar uma cavitação de cor acastanhada ou bem escura”.
– Com que idade devo levar o bebê ao dentista?
“A idade para avaliação do bebê no dentista deverá ser ainda no primeiro ano de vida pois é possível identificar e corrigir problemas de amamentação, deglutição e respiração, o que pode levar a problemas de desenvolvimento da face”.
– A cárie dói? Quando dói é sinal de algo pior?
“A cárie no processo inicial não dói, porém se descuidada, poderá evoluir gradativamente para uma sensibilidade dentária ao frio e depois ao calor quando já tem uma cavitação mais avançada podendo sim causar dor espontânea de grande intensidade. A depender da intensidade da dor podemos estar diante de uma proximidade das bactérias da cárie com a polpa do dente (parte onde encontramos o nervo dentário) e, geralmente, esse quadro leva ao tratamento do canal.
– Como detectar se estou com cárie?
“A detecção só pode ser feita é através de um bom exame clínico que, por muitas vezes, pode ser acompanhado por um exame radiográfico dentro de um consultório”.
– A cárie pode causar mau hálito?
“Cárie é infecção, logo temos a presença de bactérias que estão se alimentando de restos alimentares que apodrecem na cavidade oral podendo sim levar a uma halitose desagradável”.
– Qual é a diferença entre cárie e tártaro? Tártaro pode virar cárie?
“Cárie é um processo infeccioso de placa bacteriana (restos alimentares). Já tártaro é uma calcificação de placas bacterianas nos dentes. O tártaro não evolui para cárie, são processos distintos de abordagens terapêuticas diferentes”.
– Existe uma idade para aparecimento de cárie?
“A idade cronológica não tem relação com cárie, ela normalmente se deve ao consumo excessivo de açúcares e carboidratos associados a uma falha na higiene oral após as refeições”.
– A alimentação pode influenciar no aparecimento de cáries?
“Sim. Alguns tipos de alimentos são mais favoráveis a evolução de cáries como açúcares e carboidratos. Lembramos que a falta de higiene adequada é quem determina a presença do problema. Dica: alimentos como frutas, proteínas legumes e verduras são menos favoráveis à propensão do referido problema”.
O dentista revela que no geral, para evitar o aparecimento de cárie é necessário: “A prática de uma boa escovação com escovas dentais macias associadas ao fio dental e ao hábito de limpar os dentes e língua após as refeições principalmente antes de dormir (e após a última refeição). Ainda, aguardar aproximadamente 20 minutos após as refeições para escovar os dentes ajuda a diminuir a acidez bucal no momento do atrito durante a escovação, evitando assim desmineralizações do esmalte e sensibilidades”.