É difícil aceitar que a gente falhou. Um misto de culpa, angústia, insegurança e medo surge como forma de punição. Depois, a tendência é passarmos a agir numa zona de conforto, deixando de correr riscos para não fracassar novamente. Mas errar no trabalho, nos relacionamentos ou com os filhos, por exemplo, tomando consciência do engano, faz parte do crescimento pessoal. Refletir sobre a situação, pensar em como ela poderia ter sido diferente e seguir em frente, partindo para outras soluções, traz confiança, coragem e novas oportunidades. “O ideal é não ficar lamentando”, diz a escritora americana Alina Tugend em seu livro Sem Medo de Errar (R$ 42,90 Ed. Zahar). “Não devemos pensar que temos que fazer tudo com perfeição. Essa mentalidade cria relacionamentos nos quais os envolvidos passam a maior parte do tempo se censurando mutuamente”, explica a psicóloga e coach empresarial Lizandra Arita, da Arita Treinamentos, de São Paulo. Veja, a seguir, como lidar com os próprios erros de um jeito mais construtivo.
Enfrente os obstáculos
Para superar os erros e obter sucesso com isso é preciso estar disposta a admiti-los, confiar em si mesma e em quem a critica. “A pessoa deve aceitar esse retorno como algo benéfico. Se enxergá-lo como ameaça, não mudará as atitudes nem aprenderá a própria falha”, explica Jorge Matos, presidente da consultoria Etalent (RJ).
O problema é que algumas pessoas não conseguem mudar de atitude, porque já têm hábitos muito arraigados. Quem fuma, por exemplo, sente apenas o prazer do cigarro e não é capaz de admitir que o vício faz mal. A pessoa vê o abandono do tabaco como algo penoso. Para Jorge Matos, só nos transformamos de verdade quando a situação causa um desconforto muito grande, como dor, angústia ou perda. Por isso, é fundamental enxergar os benefícios da mudança de curso e, assim, caminhar para o acerto.
Saia da defensiva
Quem não admite seus enganos tende a ficar na defensiva, sem querer aceitar que vacilou. Resultado: torna-se agressivo e sempre coloca a culpa nos outros, na vida, nos acontecimentos.
Os tipos de falha
Existem basicamente duas: quando você erra tendo a certeza de que está no melhor caminho e quando comete um equívoco porque agiu impulsivamente, sem pensar.
Erro “acertado”
Você acredita que realizou uma tarefa da melhor maneira possível até que alguém diz que o resultado ficou abaixo do esperado. Esse tipo de coisa pode acontecer, por exemplo, quando alguém não tem a formação necessária para realizar determinado trabalho pedido pelo chefe.
Solução: antes de sair se justificando, avalie se você realmente falhou. Procure ter controle racional da situação e pergunte com humildade: “Onde acha que errei? Por quê?” Preste atenção aos argumentos da outra pessoa e analise-os. Se concordar que errou, assuma a falha e peça desculpas por ela. “Dessa forma, você mostra responsabilidade em relação ao que fez e evita futuros enganos”, afirma a autora Alina Tugend. Agora, se discorda que pisou na bola, mostre seu ponto de vista com jeitinho, sem entrar em atrito com o outro. “Quando fazemos a tarefa na melhor das intenções, sabemos como nos justificar”, diz Lizandra.
Erro incontrolável
Acontece quando tomamos uma atitude sem pensar, num momento de impulso. Exemplo: você grita com seu filho e depois se arrepende amargamente do modo como falou com ele. Ao cair em si, o estrago já foi feito. Você sabe que errou, mas naquele momento não conseguiu controlar a raiva. Esse tipo de erro pode ter origem em desequilíbrios psicológicos (“foram perversos comigo, agora sou com os outros”) ou em sentimentos como inveja e ciúme.
Solução: reflita sobre o que a levou a cometer o erro e deseje agir de outro modo numa próxima situação. “No caso da mãe que grita com o filho, por exemplo, a pessoa terá de perceber o que a incomoda na atitude da criança”, declara Lizandra. É importante tentar entender de onde vem esse impulso tão equivocado e procurar adotar novas atitudes. Você verá que num próximo episódio a sua reação será completamente diferente e muito mais equilibrada.